Ser mulher nos dias de hoje
Hoje é o dia internacional da mulher. Um dia que permite a reflexão da situação da mulher nos dias atuais.
Os outros dias não nos impedem de fazer tal reflexão, porém esse dia é revestido de uma atenção maior e especial.
A morte das tecelãs inglesas, queimadas vivas em seu ambiente de trabalho aconteceu no dia 08 de março.
O que aquelas mulheres queriam?
Queriam dignidade, respeito, melhores condições de trabalho, reconhecimento da sua importância no setor produtivo. Foram mártires que levantaram bandeiras que nós mulheres, nos dias atuais, não podemos deixar de continuar a mantê-las firmes e nos mais altos patamares.
Do século passado para o século atual conseguimos inúmeras conquistas: Temos o direito de votar e sermos votadas, concluir um ensino superior, fazer uma especialização, um mestrado, um doutorado e várias outras atividades antes cerceadas ou proibidas.
Estamos mostrando que o nosso cérebro não é inferior ao do homem e que também possuímos capacidade de liderança em diversas áreas profissionais existentes no mundo.
Essa conquista trouxe responsabilidade extra. Por quê?
A mulher continua antes de tudo a geradora da vida. Carrega em seu ventre durante nove meses a perpetuação da nossa espécie. É ainda pilar da família. Em suas mãos estão a responsabilidade pela educação dos filhos, a organização e funcionamento do lar e dos serviços domésticos.
Seus sonhos se alargaram e junto multiplicaram suas atividades.
Nos dias de hoje, ser mulher é ser um ser duplamente duplo.
Em casa ela cuida dos filhos, do marido e dos afazeres domésticos.
No trabalho, as atividades profissionais não lhe dão regalias. Para permanecer no mercado competitivo, ela tem que provar que é eficiente e capaz.
Algumas recebem o apoio do marido e da família.
Outras não conseguem semelhante apoio.
Algumas ganham o mesmo salário de homens que exercem funções idênticas.
Outras, por serem mulheres, são discriminadas e recebem salário inferior ao do homem, apesar de exercerem funções iguais.
Isso no mundo comum, na mulher comum do nosso dia a dia de anônimos.
E no mundo da mídia, da comunicação em massa? Como está a mulher?
Infelizmente nesse mundo a valorização da mulher é aquém do que deveria realmente ser.
Vemos corpos e rostos bonitos. E as mulheres são reduzidas a um mero padrão de beleza.
Ditado por quem esse padrão?
Nós mulheres já paramos para refletir a respeito disso?
Será que o padrão que acompanhamos é o verdadeiro padrão que queremos acompanhar?
Será que de alguma forma não estamos sendo Maria vai com as outras?
Nessa sociedade se você segue os rituais é aceita. Se mostrar algum diferencial pode não ser vista com bons olhos.
Muitas vezes vestimos uma roupa porque todos a vestem e compramos determinados produtos porque todos compram.
Penso que saímos do julgo do patriarcado para entrarmos no julgo do consumismo.
E quando falo em consumismo estou me referindo a um todo: Consumismo estético, visual, de roupas, de estilos, de ideologias, de alimentos, de tipos de diversão, música, literatura e tantos outros tipos que se eu fosse enumerar não caberia nesse texto.
Atualmente já paramos para pensar se estamos agindo de acordo com a nossa vontade ou estamos simplesmente agindo de acordo com a vontade do senso comum, do modismo?
Nossa sociedade atual não nos oferece espaços para um diálogo profundo com o nosso eu interior. Então, muitas vezes fazemos coisas e agimos de forma impensada sem perceber.
Sei que ser mulher não é fácil. Não somente pelo fato de ser mulher, mas pelas exigências extremas que nos sobrecarregam.
Por isso precisamos ter a certeza de que não estamos usando a burca do modismo.
Se não estamos nos deixando escravizar pelas regras duras da mídia consumista.
Caso contrário, a liberdade que pensamos ter não passará de mera ilusão. Seremos iguais animais selvagens criados em criatórios e iludidos por um ambiente similar e não verdadeiro.
Nossas mártires morreram de forma valente e honrosa.
Penso que existem várias formas de morrer.
Pior que a morte do corpo é a morte do espírito.
Ser um robô sem pensamento e ações próprias é um exemplo de morte do espírito.
Nesse dia em especial pensemos mais no sentido exato de nossas ações e na necessidade de sermos mulheres verdadeiramente valorizadas.
Parabéns para todas nós!