(Con)sentimento
Até que ponto a gente pode desafiar o coração?
Como o próprio ditado diz: “Está no fogo, é pra se queimar.”
A certeza de que não controlamos esse inalienável Ser vivente dentro de nós: o coração.
Meses se passaram e estávamos nós sentados, novamente frente a frente, como se o tempo não estivesse passado. Sua mesma cara, insuportavelmente sedutora, o mesmo sorriso, a mesma fisionomia, era como se o tempo estivesse dado uma volta para chegarmos naquele momento, colocar-nos frente a frente.
O coração pulava no peito e as trocas de olhares mostravam tudo o que já havíamos passado juntos. – Maldita hora em que fui marcar esse encontro! (ou bendita?!). Estamos nos arriscando demais. – Eu fui bem, passei esse tempo bem, e você também teve o seu tempo, ô vontade de te agarrar e não soltar mais. Sua mãe sabe?!
A ausência de palavras, por si só já dizia tudo; os olhares agora tinham um complemento: lágrimas vergonhosas de uma vontade imensa. As mãos se tocaram e nada mais importava.
- Fui precipitado?
A vontade de sumir era inevitável, o coração palpitava, os goles de chopp desciam forçados. E os olhares substituíam as palavras, eram melhor que as palavras. O nascer de uma lágrima falava por si só e o molhado no rosto, causado pelo passar de mãos, impedindo as lágrimas de rolarem; era o nosso corpo refletindo justamente o que tentávamos fazer naquela hora: nos bloquear por dentro. Razão não é produzida pelo coração.
Estava transbordando já, na escadaria um beijo... Era como se todo o conjunto de órgãos do corpo estivesse acelerado suas funções, para simplesmente ficar paralisado. Havia me esquecido do seu beijo: suave, calmo, simples... Beijo de paixão, beijo com sentimento. Finalmente a lágrima rola, estávamos fazendo o que queríamos.
Não! Não irei hoje, resolveremos a nossa vida...
Dia seguinte...
- O que você sugere?
O que sentimos, não pode ser jogado fora assim. E mais uma vez vamos tentar, vamos ver no que dá, ouvir nosso coração, tentar superar a distância, agora com a ideia na cabeça do que podemos sentir novamente. E com certezas, antes não tidas.
Vamos tentar.