A DEMOCRACIA E AS ELEIÇÕES LIVRES

A DEMOCRACIA E AS ELEIÇÕES LIVRES

Tem gente que acha que só pode exercer seu direito à

cidadania com a democracia. E que o voto livre está,

irremediavelmente, a ela vinculado; acham que não pode

haver democracia se não houver eleições livres para todos votarem nos candidatos que bem entenderem.Acham que assim elegem quem escolhem. Nem todos, entretanto, concordam com isso.

Tem gente que acha que democracia não é nada disso; que

democracia não existe num mundo entrelaçado de nações e de corporações poderosas, formando uma rede de proteção em torno apenas de seus únicos interesses; que não consideram a ética e a moral como as conhecemos.

Tem gente que acha que só os poderosos mandam. Que só a

elite sempre decide tudo e que a maioria da humanidade está mesmo é sobrando, pois o mundo é das minorias. De algumas poucas minorias que são dominadas por uma única e poderosa minoria: a dos ricos.

Vulpino Argento, o demente, acredita que as minorias homossexuais, as minorias negras - nos países de caras pálidas -, as minorias brancas - nos países de caras pretas -, as minorias intelectuais, as minorias indígenas, as minorias religiosas - nos países de maioria religiosa contrária às minorias - e outras tantas minorias, serão, positivisticamente, sempre e cada vez mais dominadas pela minoria rica do Planeta.

Vúlpi também acredita que as maiorias pobres, as maiorias negras da África, as maiorias sul-americanas e as maiorias asiáticas estão na Terra para servir à minoria rica; trabalhando para eles e consumindo para eles. Com essa estranha e assustadora convicção, Vulpino Argento,o demente, reafirma: “Não acredito em democracia representativa e no poder que a choldraboldra pensa que tem, através do voto. Se - diz ele - o povo soubesse mesmo

o que fazer com o voto, muita gente não voltaria a exercer cargos públicos os legislativos e nos executivos poderes da República depois de comprovada sua concupiscência com o que é da rés pública. Não é mesmo, conselheiro?”

Sem que eu pudesse responder, antes mesmo de abrir a boca,

Vúlpi continuou, com um olhar assustador, respondendo ele mesmo à pergunta que fez.

- “Veja só, conselheiro, (odeio quando ele me chama assim) se o povo tivesse mesmo poder com o voto, ele deveria servir também para excluir, retirar, banir e até condenar; por que não? Mas o voto só serve para levar qualquer “fi-duma-égua” a assumir o poder, mesmo que tenha faltado com a ética, com a probidade, com o respeito e desonrado

o mandato que recebeu. Agora mesmo estamos com alguns bons

exemplos da falácia que é a democracia e com a comprovação da incapacidade e falta de preparo do povão brasileirão.

Como o povo não liga pra essas coisas, curupiras e marketíferos,estão apostos e em febril agitação eleitoral.

Politicamente delinqüentes, candidatos e mais

candidatos estão à espreita, escondidos atrás das urnas eletrônicas e de olho nos títulos de eleitor do povão brasileirão. Ao menor sinal de euforia burra, eles se instalam nas câmaras, nas assembléias, nos palácios

executivos com a legitimidade do voto livremente democrático do povão brasileirão. E, assim, elegem o jeitinho bonitinho, o sorriso (que parece

sincero mas não é), o abraço (idem), a promessa (ibidem), porque são hipnotizados com afirmações vazias como “apoiar” a busca de... ; “lutar” pelos direitos da...; “valorizar” o magistério do...; “garantir” a mais

completa...;”fortalecer” o sistema de...”

Apoiar, lutar, valorizar, garantir e fortalecer não são atitudes concretas que resultem em benefícios visíveis e palpáveis para os indivíduos da sociedade, mas apenas intenções subjetivas, além de ser a mais deslavada propaganda enganosa disfarçada com o título de “propostas”.

Os usurpadores do povo, os desonestos, os larápios, os

possíveis confiáveis, os que aparentam competência, os utópicos sinceros, as exceções a esta regra maldita, todos eles, refogados no caldeirão da democracia, chegam ao poder pelo voto livre e democrático, essa imagem sutil da mentira. Na democracia é assim por direito e

tradição; não há outra maneira; e este é o perigo. Corremos o risco, todos nós, de elegermos mentirosos e desonestos, honestos e verdadeiros, com o mesmo instrumento, sem prévio conhecimento de quem verdadeiramente são e sem garantia nenhuma. É ter de pagar

pra ver. Isso, conselheiro, não é poder. É risco permanente, custo alto, preço exorbitante.”

Pensei em contestar o que Vúlpi vem dizendo há anos, porém

senti um arrepio quando me dei conta de que já estava quase convencido por ele e prestes a fazer minhas as palavras dele. Evoé, Vúlpi.

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 09/08/2006
Código do texto: T212707
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