NÃO VI NADA

Virou a casaca. Usou de artifícios e artimanhas, todas as manhãs, os amanhãs se foram, antes mesmo de chegarem, disseram que foi manha, mas não sei.

Não vi nada. Capítulos a parte, uma estória que ultrapassou as mil e uma noites de embalos, palavras que, juntas, não formariam uma só frase com nexo, conexa. Não fiz nada, apenas copiava os pensamentos que por acaso passassem perto da minha caneta. Foi. Apenas verbos irregulares, tentativas de fazer do texto, um parceiro neste terreiro maluco, terreno desnivelado. Apenas pequenas estórias sem começo nem fim.

A plena escuridão e o sol brilhando, brilhante, o oposto do resto, tudo escuro, não vi nada. Estava de óculos, escuro, a noite, escura, escura ficou, até amanhecer o dia virou a casaca.

Era um personagem atrás do outro, toda manhã, a manhã, talvez melhore ou piore, depende do clima do tempo da tempestade? A manhã o céu azul o tempo melhorou.

Piorou? Busco ajuda, socorro o meu sonho, coloco os pontos devidamente nos seus lugares, não sei ao certo, estas regras, não vi nada, não sei de nada, apenas copiei o modelo impresso nas tábuas da minha avenida, rua sem fim que me leva daqui para onde posso ir, o resto, não li, não vi, nada, apenas as penas pelos caminhos percorridos e a percorrer. Inventar trajetos.

Os objetos. Os tipos e as comidas típicas e a filosofia, me desoriente, perguntei, sushi ou não sushi? Pequi ou não Pequi? Ser ou não estar, não estou, estourou, o tempo, expirou, pirou?

Sempre faço a mesma pergunta, pra quem?

Pra mim mesmo, mesmo, repito sempre, não estou, nem aí, nem aqui, vou desde o início, repetindo, indo, não sei pra onde, pra quê, o quê, são perguntas freqüentes.

Neste pequeno espaço no qual inscrevo meu nome no livro dos perdidos e achados, recentemente, num endereço nunca antes visto, me vi, refletido neste espelho espalhado espelhado no sertão do mundo em que vivo.

Não sou daqui, nem dali, o salvador, objetivo, o objeto cobiçado por mim e pelo resto do mundo, salvo umas mínimas exceções que acontecem de eras em eras, estas sensações freqüentes mostrando o fim do mundo que sempre acontece em filmes de catástrofes e em novelas apavorantes.

Como disse e repito, isto tudo não tem fim, não consigo enxergar luz no fim do túnel, não consigo encontrar a palavra sagrada, a chave para revelar a finalidade destas linhas com palavras soltas e o coração preso e acorrentado, enquanto as horas e os dias mostram a imensidão do relógio guardado na minha memória, não vi nada.

florencio mendonça
Enviado por florencio mendonça em 08/03/2010
Código do texto: T2126776
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