Vento na poeira
À mesa do café da manhã, notícias de todos os dias na TV. Na tela arrombamentos, furtos, chacinas, tiroteios com morte, corrupções, desvastações, inundações, egos inflados... Em menos de vinte minutos, cai por terra qualquer tranquilidade e até esperança pela vida do homem. Todos os ideais caem por terra. O pânico como que atravessa a tela e se instala no tempo e no espaço.
No noticiário da TV, só no esporte se pode encontrar um clamor de multidão que apresenta algum vigor humano de vida.
O esporte, com os estádios ocupando o lugar das antigas catedrais é o único lugar cheio de gente, ao lado dos escritórios e shoppings que exprimem o único deus real da sociedade materialista: o dinheiro.
Travamos uma luta contínua diante do poder: mas o poder é o dinheiro, a Bolsa de Nova York, de Tóquio, de Milão, de São Paulo, etc.
Paradoxalmente, todo o poder de hoje, na sua impotência, não oferece sequer um mínimo de esperança ao povo sofrido e desamparado. A tal ponto que nós todos, quando olhamos para a linha do horizonte, e também para o céu, forçosamente demonstramos medo.
E mesmo os mais sábios gurus, que passam por inspiradores da verdade do homem e do bem-estar do povo, não sabem o que fazer.
Por isto o mundo diz que Cristo é o homem que coloca os homens na cruz:
"Crucificado mártir,
Tu crucificas os homens".
-Canducci in "Odes Bárbaras"
É um paradoxo, bem o sei.
Por isto existe a quaresma...