O poder e a glória
Em 1938, Graham Greene, jornalista inglês e um dos maiores escritores do século passado, foi enviado para registrar as perseguições religiosas do México (em 1910, a Revolução Mexicana instaurou um dos regimes mais fortemente anticlericais do séc. XX. Contudo, cem anos após, 90% da população mexicana é nominalmente católica).
Desta viagem de Greene nasce "O poder e a glória", ed. Record. 206pp.
A narrativa é construída em torno da perseguição que um tenente do exército mexicano move ao último padre em atividade em sua região. Do tenente, Greene diz ser um místico com amálgama de ódios e ideais, e o que experimentara era o vazio. Retrato trágico de um tipo humano comum que não fez a experiência de um amor que o acolhesse.
O padre é um poltrão, alcoólatra e tem uma filha. Seu ministério é tosco. Aparentemente, é incapaz de uma única ação digna. Totalmente incoerente, permanece, contudo como um exemplo paradoxal de fidelidade ao seu sacerdócio. Tem consciência de carregar algo muito maior do que ele.
Representa momentos que existem na vida de todos nós, em que percebemos condoídos, o abismo que existe entre o dom que recebemos e a resposta que damos a ele.
Permitam-me a ousadia de recomendar o livro como opção de leitura para o feriadão da próxima semana do chocolate.