Para toda   eternidade
 

Faço aqui uma pergunta que a mim foi feita quando lia o livro A Força está com você, de Stephen Simon: “Se soubéssemos que só poderíamos guardar conosco uma única lembrança por toda a eternidade, (...) – qual lembrança escolheria? *

Stephen Simon é um produtor de cinema do tipo que ele denomina – Filmes Espiritualistas, ou seja, filmes que têm um objetivo: uma mensagem espiritual para tornar a vida melhor para as pessoas. E é isso que ele faz nesse livro, analisa filmes que, propositadamente ou não, transcende a vida terrena. O filme em questão é Depois da Vida (After Life) um filme japonês.

Eis a sinopse do filme: Quando morremos há um Posto Intermediário entre o Céu e a Terra onde devemos permanecer por alguns dias com o objetivo de nos prepararmos para a eternidade. Ali somos informados que estamos mortos e que toda nossa vida está gravada em um filme. Somos informados também que teremos de escolher um único momento em nossa vida que poderemos levar conosco quando formos completar a viagem.  Um guia espiritual estará a nossa disposição para nos ajudar a selecionar nossa lembrança inesquecível. Inclusive, se tivermos dificuldade na escolha poderemos rever os filmes de nossa vida. Um para cada ano. A lembrança selecionada será revivida em um novo filme e será nossa única bagagem para a vida eterna no paraíso. As outras lembranças serão destruídas. Para todo o sempre.

Não vi o filme. Na verdade, nunca antes tinha ouvido falar dele ou lido qualquer coisa a respeito. Depois que tomei conhecimento, fui atrás do meu fornecedor, Mr. Google, e li o que pude a respeito. E decidi que não vou sossegar enquanto não conseguir localizar uma cópia para assistir. Embora aparentemente ele esteja fora de catálogo.

No filme, as lembranças são variadas. Um parto, uma relação sexual, uma aula de dança, uma viagem... As reações dos novos mortos também são variadas, desde o que se recusa abrir mão de suas lembranças ao que alega  ter lembrança demais para conseguir escolher. Também é bom lembrar que os "guias" não são seres especiais - são sim mortos que não conseguiram fazer a escolha e por isso ficam por ali ajudando os outros a escolherem. Ficam ali, na porta do céu, mas sem direito de entrar.
 
Evidentemente não vai dar para contar aqui todo o filme e não daria nem se eu o tivesse assistido. Segundo todas as entradas que consegui ler, o filme é excelente e dá margem para muita reflexão e emoção. Imagino que depois de assisti-lo eu possa até encontrar novas respostas para as minhas inquietudes. Mas até agora a inquietude permanece comigo: Que lembrança de minha vida eu escolheria para passar com ela toda a minha eternidade?  Que coisa tão boa assim aconteceu comigo que eu não quero esquecer?Eu não sei, não sei mesmo. E isso está me deixando aflita.

Procuro acalmar-me e deixo as lembranças de minha vida fluírem como um regato. Estou assentada em sua margem com as mãos na água que passa entre meus dedos e enquanto isso vai passando pela minha mente alguns momentos de tranqüila felicidade, lembranças tão simples, sempre ao lado de pessoas que amo, ou sozinha em lugares tranqüilos, como caminhando por uma praia, bebendo água da bica, fazendo piquenique no parque, vendo filmes caseiros da vida em família... coisas assim tão simples que é difícil acreditar que é só isso que não quero esquecer, que é só isso que gostaria de reviver para toda a eternidade. Deve ter havido alguma coisa mais, no entanto não me lembro de nada tão interessante que possa ser transformado em algo tão inesquecível que eu queira carregar  e que mereça ficar para sempre comigo.

7/3/2010

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