Conflitos com a própria alma
Quero fazer, quero buscar, quero experimentar, realizar: desejos, sonhos, inquietudes... Mas, qual o que! Como dar vazão às vontades da alma sendo que as ditas razões convenceram-nos de que a alma é que peca... Queria entender, já que os limites impostos é a sociedade que se nos impõem, ou seja, nós mesmos, os próprios guardiões de nossas almas, inquietas pela liberdade e sequiosas pela busca das mais inconsequentes aventuras... inconsequentes... de novo aí estamos, cerceados por nós mesmos... inconsequentes porque nós mesmos estabelecemos até onde vai a manifestação livre da nossas prisioneiras vontades...
Como libertar-se desses grilhões?
De repente, nos pegamos até julgando outros, pelas mesmas razões que nos oprimem. Que grandes hipócritas somos então!
Prisioneiros de si próprios a fazer com que, para alívio de nossas almas, busquemos tornar outros escravos de suas vidas em sociedade, toda zelosa por pudores que por vezes eclodem entre os mais ilustres personagens, a demonstrar o quanto essas razões os oprimem e os levam a manifestar seus mais recônditos desejos, que por vezes, chamamos de taras, de manifestações animalescas, de desvios de conduta social, cleptomanias, (que bonito....), cometidas por governadores, presidentes, ministros, magistrados, padres, bispos e arcebispos, rabinos, bandidos, mulheres, pobres, ricos... Enfim, por uma série de personagens de nossa sociedade, a qual insiste em ser diferente dos demais animais, tidos como irracionais, mas que não conseguem impedir que nos momentos de maior agrura cometam os atos condenáveis, pela sobrevivência ou pelo simples prazer de libertar suas insanidades, ou melhor, suas normais atitudes acaso não tivessem regras delimitando as formas de convivência social...
Apenas que, se todos agissem assim, a regra capital seria o domínio dos mais fortes, como no início, lá longe distante no tempo, quando as cavernas eram nossos abrigos, e nossos haréns defendidos com unhas, dentes e bordunas, onde os maníacos eram simplesmente eliminados na primeira bordoada, e pronto! Sem que togados perdessem tanto tempo com os infames que buscam usurpar o poder pelos mais absurdos meios, tanto naquele tempo, como nos tempos de agora... Então, quebrando esses grilhões, deveríamos, simplesmente, eliminar da face da terra, de forma cabal e peremptória, os assassinos da liberdade dos cidadãos comuns, que insistem em cometer seus desvios, como se estivessem acima das regras impostas a todos...
Quiçá então nossa alma pudesse tranquila, viver sem conflitos que a tornam inquieta, já que teríamos a liberdade de fazer o que quiséssemos, apenas respeitando a tênue linha do que seria vida ou morte...
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"Mas o que é que fiz, Senhor...
Que torvo crime cometi jamais,
que me oprime assim teu gládio vingador..."
...............................(Vozes D'África - Castro Alves)
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São Paulo, 07/03/2010