Eleição de 89
Encontro em meus arquivos um pequeno texto sobre as eleições de 89 e tive vontade de transcrevê-lo, pois, naquela ocasião, não poderia imaginar que um presidente seria escorraçado do cargo e anos depois, voltaria para um novo cargo com família nova; também não imaginaria a onda de corrupção que os jornais divulgam exaustivamente. Este ano de eleição, com mudança obrigatória de governo espero que o povo continue tendo voz e votando em quem bem entender pelos motivos que julgar convenientes. Como eu poderia imaginar, que teriamos ministros amando-se ao som de "besame mucho"...tenho impressão de que o povo gostou daquela versão de Romeu e Julieta. Fernando Sabino gostou!
Segue o texto:
Os que pertencem à classe dominante têm o defeito de achar que o povo não sabe votar; somente eles são capazes de escolher, quem melhor poderá representar o Pais e promover a felicidade do povo...Devo penitenciar-me, pois, as duas vezes em que votei para Presidente, escolhi tão mal, que o povo está pagando até hoje os desacertos. Neste ano de mil novecentos e oitenta e nove o povo selecionou para a final o Lula e o Collor e eu não votei em nenhum dos dois. Votei no Mario Covas, que sempre foi pessoa de meus gostos, pela sua maneira elegante de ser autêntico, pela sua honestidade de propósitos etc. O fato é que votei nele sabendo, de antemão, que perderia a eleição, mas estaria em paz com minha consciência. Na apreciação que faço da marcha das eleições, posso concluir que o Collor vai ganhar com uma diferença acima de dois milhões e meio de votos e explico: embora o Lula tenha conseguido o apoio de Brizola e do Covas para o segundo turno, a massa dos eleitores que ficaram na orfandade não é tão grande, quanto se possa pensar e, ademais, o Lula foi responsável pela derrota dos atuais aliados; mesmo que Brizola e Covas subam em palanques com o Lula, seus seguidores não podem ser votos considerados matematicamente certos. Quanto ao Collor, pode tranqüilamente prescindir de apoios, pois, se os eleitores da direita resolverem votar, fatalmente votarão nele, sem qualquer necessidade de recomendação. Em vez de achar lamentável dois candidatos lamentáveis, no meu entendimento, dou vivas ao Brasil por ter eleições diretas! Viva o Brasil!