Eu esperava na fila da quitanda do grande supermercado chique. Com meu carrinho cheio de guloseimas e afins, quase não me dava ao trabalho de olhar ao redor, cheio de mim que estava eu também.
E enquanto eu esperava, notei quase por acaso aquele velhinho à minha frente. Com roupas velhas e quase rotas, carregava nas mãos um pacote com um pouco de mortadela barata e um pacote com quatro laranjas.
Dentro de minha cabeça fechada em meu mundinho quase perfeito, não conseguia imaginar como tão pouca coisa – mortadela e laranjas – pudesse se tornar um problema tão grande para uma pessoa.
Mas foi então que aconteceu, a poucos metros de mim. A moça que operava a balança, também sem notar o velho, pesou, digitou alguns numeros e já colava a etiqueta com o preço das laranjas na sacola. E quase não notou a voz do velho:
_Quanto deu, moça?
_Cinco e dez – ela respondeu, enfadada.
Vi a mão do velho apertar com desespero uma única nota de cinco reais.
_É que eu só tenho cinco e preciso levar a mortadela.
Sem ao menos tentar disfarçar sua irritação, vendo a fila crescer à sua frente, a balconista retirou duas laranjas do saco e pesou de novo. Quase três reais.
Quando já amarrava a sacola, a voz do velho soou mais uma vez, ainda mais baixa e trêmula que antes:
_Ainda não vai dar.
Eu vi a moça, suspirando de impaciência, arrancar uma laranja do saco. Uma única fruta ficou na sacola que o velho levou para casa, o velho que com a cabeça baixa pegou o saco e caminhou, quase cambaleante, para a saída.
Ele talvez tivesse quatro netos com fome em casa, e pensava em oferecer, após o almoço de mortadela frita, uma laranja para cada. Um sabor doce, diferente do amargor da vida sofrida que levavam faria um bem para os meninos.
Mas ele nao conseguiu. Levou uma laranja, que precisou repartir em quatro ou cinco pedaços, ou que comeu na rua, sozinho, sem coragem de levar tão pouca comida para casa.
Mas o que mais me entristeceu, ou melhor, enraiveceu, não foi a reação da balconista, ou das outras pessoas da fila, que batiam seus sapatos caros no chão com impaciência no chão. O que me deixou extremamente desconcertado foi a minha reação.
Que me custava sacar cinco reais do bolso e falar para o velho levar as laranjas para casa? Que me custava sair de meu torpor burgues e ajudar o outro, mesmo que por um único momento?
Mas não! Eu nao tive a coragem de me mover um centímetro para ajudar o velho, e não paro de pensar que eu podia ter dado um domingo feliz para uma família.
E me pergunto agora, leitor, até onde vai o egoismo capitalista que move nossa sociedade? Quando começaremos a pensar só um pouquinho nos outros ao invés de mergulhar nossos pescoços imensos em nossos buracos na terra?
O mundo seria um local tão mais belo se cada um de nós fizesse uma ação altrtuista todos os dias, não é mesmo? E por isso vou propor a você, leitor, um exercício.
Ajude alguém pelo menos uma vez ao dia. Se você não se importa realmente com o bem estar do outro, pense que vai te ajudar a aplacar sua consciência, praticando sua “boa ação”.
E enquanto eu esperava, notei quase por acaso aquele velhinho à minha frente. Com roupas velhas e quase rotas, carregava nas mãos um pacote com um pouco de mortadela barata e um pacote com quatro laranjas.
Dentro de minha cabeça fechada em meu mundinho quase perfeito, não conseguia imaginar como tão pouca coisa – mortadela e laranjas – pudesse se tornar um problema tão grande para uma pessoa.
Mas foi então que aconteceu, a poucos metros de mim. A moça que operava a balança, também sem notar o velho, pesou, digitou alguns numeros e já colava a etiqueta com o preço das laranjas na sacola. E quase não notou a voz do velho:
_Quanto deu, moça?
_Cinco e dez – ela respondeu, enfadada.
Vi a mão do velho apertar com desespero uma única nota de cinco reais.
_É que eu só tenho cinco e preciso levar a mortadela.
Sem ao menos tentar disfarçar sua irritação, vendo a fila crescer à sua frente, a balconista retirou duas laranjas do saco e pesou de novo. Quase três reais.
Quando já amarrava a sacola, a voz do velho soou mais uma vez, ainda mais baixa e trêmula que antes:
_Ainda não vai dar.
Eu vi a moça, suspirando de impaciência, arrancar uma laranja do saco. Uma única fruta ficou na sacola que o velho levou para casa, o velho que com a cabeça baixa pegou o saco e caminhou, quase cambaleante, para a saída.
Ele talvez tivesse quatro netos com fome em casa, e pensava em oferecer, após o almoço de mortadela frita, uma laranja para cada. Um sabor doce, diferente do amargor da vida sofrida que levavam faria um bem para os meninos.
Mas ele nao conseguiu. Levou uma laranja, que precisou repartir em quatro ou cinco pedaços, ou que comeu na rua, sozinho, sem coragem de levar tão pouca comida para casa.
Mas o que mais me entristeceu, ou melhor, enraiveceu, não foi a reação da balconista, ou das outras pessoas da fila, que batiam seus sapatos caros no chão com impaciência no chão. O que me deixou extremamente desconcertado foi a minha reação.
Que me custava sacar cinco reais do bolso e falar para o velho levar as laranjas para casa? Que me custava sair de meu torpor burgues e ajudar o outro, mesmo que por um único momento?
Mas não! Eu nao tive a coragem de me mover um centímetro para ajudar o velho, e não paro de pensar que eu podia ter dado um domingo feliz para uma família.
E me pergunto agora, leitor, até onde vai o egoismo capitalista que move nossa sociedade? Quando começaremos a pensar só um pouquinho nos outros ao invés de mergulhar nossos pescoços imensos em nossos buracos na terra?
O mundo seria um local tão mais belo se cada um de nós fizesse uma ação altrtuista todos os dias, não é mesmo? E por isso vou propor a você, leitor, um exercício.
Ajude alguém pelo menos uma vez ao dia. Se você não se importa realmente com o bem estar do outro, pense que vai te ajudar a aplacar sua consciência, praticando sua “boa ação”.