Buracos na estrada
Vamos supor uma situação inusitada: alguém segue por uma estrada muito bem pavimentada, indo para um destino benfazejo, a milhares de quilômetros à frente, onde todos procuram chegar, almejando desfrutar das benesses desse local paradisíaco. Digamos que esse viajante foi avisado de que a estrada, em determinado ponto, se transformaria em um caminho de terra, com muito pó, buracos e pedregulhos e que, quando chovia, apresentava alguns lugares de difícil travessia, mesmo para veículos mais adequados. Acontece que essa mesma estrada possui uma saída alternativa, toda asfaltada, à disposição dos viajantes, mas que apresenta um grave problema a algumas centenas de quilômetros adiante, ou seja, em determinado ponto ela sofreu uma grande erosão, logo após uma lombada, levando o turista a um beco sem saída ou, para aquele mais afoito, a um desastre fatal. Muito bem, em havendo uma placa indicativa desse problema, logo na sua entrada, nenhum viajante iria cair nessa cilada, não é mesmo? Pois é, se encontrarmos motoristas distraídos, estes vão engolir a isca, sem dúvida, portanto azar deles, pois nunca devemos nos descuidar ao volante.
Assim é a nossa vida, ou seja, a forma de agirmos é sempre no intuito de chegarmos à plena felicidade, percorrendo caminhos suaves em todo o seu curso, portanto a nossa tendência será entrarmos pelo atalho, fugindo assim do enfrentamento contra dificuldades de percurso, sem desconfiar de que aí é que mora o perigo. O pior nisso tudo é que muitos são avisados a tempo, mas mesmo assim não dão a mínima importância ao fato, por descrédito, comodidade, preguiça, ignorância, preconceito e, porque não dizer, por imbecilidade. Quantos milhões de exemplos encontramos por aí, representados por fumantes inveterados, drogados, alcoólatras, contraventores, criminosos etc., que não mudam sua trajetória de vida, permanecendo à margem do caminho do crescimento, chegando, lógico, ao barranco no final do atalho, daí ficar tarde para uma possível reparação; assim me levando a dizer: _A escolha é livre, o retorno é compulsório. _O que fazer? Cada um sabe de si.
O crescimento da nossa espiritualidade está diretamente na dependência do esforço constante em eliminarmos as negatividades da nossa vivência, agindo sempre, em todas as circunstâncias, com amor, gratidão e altruísmo, fazendo desses sentimentos a bandeira rumo à nossa própria felicidade. Para isso, temos, obrigatoriamente, que encontrar o caminho do aprendizado sobre a Verdade, sem preconceitos, sem mistérios, sem fanatismos, sem dogmas ou demais entraves, pois somente assim iremos absorver sabedoria suficiente para colocarmos o “pé na estrada”, ultrapassando todos os obstáculos do caminho, até atingirmos a iluminação.
O perigo maior que a humanidade está passando é a cegueira proporcionada pelo apego, ateísmo, teimosia, fanatismo e intolerância, porque assim ela está sendo arrastada a um fim inglório, decorrente das atitudes egoístas dos “coitadinhos” que só pensam em “se darem bem”, em darem “jeitinhos”, de viverem na vagabundagem às expensas do governo (ou dos contribuintes que trabalham), votando em representantes corruptos e despreparados, que permitem e acobertam descalabros de meliantes tais como os celerados do MST, que invadem e depredam patrimônios alheios, impunemente. Por outro lado, o câncer do futebol profissional continua sendo alimentado a todo vapor por alienados, que não estão percebendo quantos por aí estão se despedaçando lá na erosão do atalho, simplesmente porque continuam fazendo da vida uma brincadeira, achando que já estão desfrutando do Paraíso.
Só conseguirá alcançar o estágio de iluminação espiritual quem tiver forças para transpor muitos quilômetros da estrada poeirenta e esburacada e, para isso, terá de aprender a pilotar em situações de alto risco e conseguir um “veículo” de características robustas e apropriadas ao caminho. É por isso que o uso inteligente do nosso tempo de vida não pode ser descartado ou desperdiçado com toda sorte de inutilidades (futebol, carnaval, BBB e outras tantas pasmaceiras), senão ficaremos pelo caminho, sem combustível e sem chance de chegar até o fim.