Nem tanto, nem tampouco


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Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada...
               Vaca Profana- Caetano Veloso


     Esta semana reencontrei uma pessoa querida, colega de trabalho que me conheceu no papel de professora de seu grupo de formação. Durante a nossa breve conversa, depois de encerrada a pauta de trabalho, comentou o quanto gostava do meu hábito de partilhar textos, meus e de outros autores, sempre tão pertinentes e sérios e que se espantou quando partilhei uma vez, um engraçado, jocoso. Disse-me sorrindo:- Nem parecia você!
     Lembrei que o texto em questão era uma notícia publicada em 2007 pela Folha de S. Paulo intitulada DONO DE LANCHONETE É PRESO POR BATIZAR SANDUÍCHE DE SARGENTO e eu, na partilha, fiz gozação:COMER BRIGADEIRO PODE, SARGENTO NÃO PODE!
     Fiquei pensando na imagem que cada um ou cada uma de nós produz no imaginário dos que conosco convivem nos mais variados espaços e nas mais variadas formas de convivência. Sempre desejei ser vista como um ser plural, humano e por isso diverso, mas vejo que se sou capaz de surpreender por fazer uma piada, não devo parecer tão diversa assim.
     Quero crer que quem apenas me conhece de vista e me vê, quase sempre, com um sorriso no rosto, avalia que sou alguém de bem com a vida. E não raro, imaginam-me também em farras homéricas talvez do tipo “beber, cair, levantar...” Ledo engano. Percebo mesmo que ficam surpresos quando confirmam que não bebo, nunca fumei nem o careta nem o descolado e mais, pratico capoeira, faço meditação e sou espiritualizada, embora não frequente, a rigor, nenhuma denominação religiosa.
     Alguns me provocam me chamando de "Dona Certinha". Faço questão de afirmar que estou longe disso. Não fumar e não beber é opção de vida e não acho que isso já me credencie para entrar no reino dos céus com tripa e tudo. Quem é do meu convívio sabe como trato a vida com alegria e leveza e também sabe o quanto sou séria quando o assunto exige seriedade. E quem, além do convívio, priva da minha amizade sabe do meu lado moleca. Em uma das minhas crônicas E O TROFÉU OUSADIA VAI PARA... Relato uma molecagem recente, que adorei fazer...
     Posso confessar que até já roubei... Mas, graças a Deus, minha confissão de “roubo” é também mais uma molecagem resgatada do túnel do tempo: é de como “roubei” uma comemoração de aniversário! Assim: estava em um bar lotado com um grupo de amigas e amigos, quando o cantor avisou que uma pessoa muito especial aniversariava e estava ali presente. Puxando um “parabéns pra você” animadíssimo o simpático cantor puxou também uma salva de palmas. Só faltava apresentar o/a aniversariante...
     Dirigi-me ao centro do bar, levantei a voz e agradeci: “OBRIGADA! MUITO OBRIGADA!” A fila para os cumprimentos logo se formou e minhas amigas e amigos, estupefatos, tentavam saber que loucura era aquela, já que não estava nem perto da data do meu aniversário. Com um “ninguém precisa saber” entre dentes segui noite adentro recebendo abraços, beijos, votos de felicidade...
     Bem mais tarde soube pelo cantor quem era a aniversariante. Deduzi que ou era muito tímida ou achava que a data era exclusiva para ela. Tolinha!Devo confessar que me diverti muito, pois, EM NENHUM MOMENTO, disse que era meu aniversário. Molecamente, agradeci... Se meu gesto foi traduzido como confissão...
     Razão tem Caetano quando diz que de “perto ninguém é normal...” Partilho com vocês a notícia da Folha. Quem leu vai relembrar o quanto a preocupação com tolice ocupa algumas pessoas.

Dono de lanchonete é preso por batizar sanduíche de sargento

FELIPE BÄCHTOLD da Agência Folha

"O dono de uma lanchonete em Alagoas foi detido pela Polícia Militar por dar nomes de patentes de militares a sanduíches. O comandante da PM na cidade de Penedo (169 km de Maceió), Eneildo Batista, considerou que a prática, como chamar um hambúrguer de "sargento", fere a imagem da corporação e mandou deter o comerciante no domingo.
O proprietário da lanchonete, Alberto Lira, 38, foi levado para uma delegacia, onde foi elaborado um boletim de ocorrência, e liberado horas mais tarde. O delegado de plantão entendeu que não havia motivo para a prisão. Os cardápios do estabelecimento foram recolhidos e a loja chegou ser fechada, segundo o advogado do comerciante, Francisco Guerra. Já foi reaberta.
Na lanchonete Mister Burg, o cliente pode escolher lanches como o "coronel", com filé e presunto, e o "comandante", de calabresa. A Polícia Militar diz que os nomes dos pratos provocavam "chacotas" e "insinuações" contra os policiais entre os moradores da cidade, que tem 60 mil habitantes.
Lira diz que colocou os nomes como uma homenagem aos militares e nega a intenção de macular a imagem da polícia. O comerciante afirma que teve parentes no Exército e que já serviu a Marinha. Os pratos da lanchonete têm os nomes há 12 anos.
O advogado do comerciante vai entrar com uma denúncia de abuso de autoridade. Ele pediu um habeas corpus preventivo para evitar outra detenção.
"Com o argumento do comandante, nenhuma festa de criança poderia ter brigadeiro [nome de um doce e de um posto da Aeronáutica]", diz.A Folha procurou ontem o comandante que pediu a prisão, mas ele não foi encontrado. A PM confirmou a história.
A Polícia Civil de Alagoas está em greve há mais 72 dias. Os policiais trabalham apenas em casos de flagrante, segundo o sindicato dos agentes. "


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 Penedo é uma cidade belíssima! Que tal uma visitinha?Depois de um passeio no São Francisco, uma passadinha na lanchonete para comer um... um... um sei lá quem, ou o que...

Abraços!!!