Do Que Não Sei

Não sei se neva em marte, mas por aqui faz calor até no inverno e os discos antigos me parecem ter as canções mais modernas.

Não sei se no Haiti as pessoas voltaram a sorrir depois do pó, não sei se às vezes os olhares que recebo são de amor, ou dó, mas algumas mãos se estendem além do toque dos dedos; adentram o peito.

Enquanto desço a rua de casa todo fim de tarde, olho meu all star, eles me olham de volta, vejo o mundo em volta, e os velinhos do asilo, vejo o sol beijar as nuvens em despedida, e apenas uma brisa é o suficiente pra agradecer pela vida.

Não sei se todas as portas da vida um dia se abrem ou se nunca estiveram de verdade fechadas. Nem sei onde acaba a linha do trem, que faz barulho quando passa pela manhã, talvez ela cruze o destino e chacoalhe o horizonte.

Não sei se essa saudade do que não conheço um dia passa, nem se chuva ácida mata gente. Mata planta, pássaro, mata água e mar; mas gente eu nunca ouvi falar.

Sei que não saber às vezes é bom, às vezes é solidão. Sei que músicas podem ser bonitas sem instrumentos, e que os ventos são maestros de flautas, sax e clarinetes.

Do que não sei é certeza, do saberei é mistério, do que sei é incerto e do que vem é melhor, assim espero.

Alias
Enviado por Alias em 05/03/2010
Reeditado em 05/03/2010
Código do texto: T2122320
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