Era manhã expressiva, como são todas as manhãs, uma chuva valiosa e fina caia. Ela me faz lembrar as lágrimas que sufocadas na alma demora para descer.

Tomei à mão meu guarda chuva. Ele é precioso: impede que as lágrimas do céu molhe o rosto...

No trabalho eu o deixei entre os mapas inertes num enorme balde de plástico e, trabalhei tranquila e realizadamente...O trabalho me relaxa e me faz bem...

A chuva já tinha cessado quando o sinal da "Amenaíde" soou fielmente às 12h20 ...
Saí apressada,  estava preocupada com o filho que iria sair às 12h30 de uma outra escola e estava sem a chave de casa.

Esqueci o guarda chuvas lá quietinho...
Ao retornar não mais o encontrei...
Separação é sempre triste para mim...
Resolvi deixar um bilhete carinhosa e apelativamente.

                                   Atenção,

                                   Alguém 

                          pegou emprestado 

                           meu guarda chuvas ?

                         Estou precisando dele.
 
E dei pistas para a identificação da posse...

(Deixei o sentimento transcrito num velho pedaço de papel colado num armário também velho)_

Alguns dias depois lá estava ele....tímido e escondido no cantinho do armário.

O tomei em meus braços e pus  me a agradecer...

                                   Grata!

                              Pela devolução

                                        do

                              Guarda chuvas.

Claro, o apelo foi atendido.
O papel transcrito levou meus sentimentos à tona.

          Gestos dignos (esse seu) só engrandece o ser humano.