CARRO DE BOI
Transporte rústico, de uma simplicidade ímpar, lento, mas de grande utilidade para as pessoas que moravam na zona rural, em épocas passadas e que hoje está quase esquecido.
A produção de um carro de boi contada pelos mais velhos. São lembranças que me chegam. Todo de madeira, era composto de um lastro, um eixo com duas rodas, estas tinham um anel de ferro para impedir o desgaste da roda. Possuía um cabeçote aonde era atrelada a canga colocada no pescoço dos bois, que muitas vezes formavam parelhas por mais de dois bois. Outras peças também fazem parte do carro de boi como os fueiros, cocões e a “cantadeira”, esta última, ficava na parte inferior e se encaixava no eixo. Para produzir o som e o carro cantar, era usado um material tipo uma pasta ou graxa.
O canto do carro de boi se assemelhava a um gemido, dando orgulho ao carreiro, nome dado ao homem que o conduzia. Levava na mão uma vara fina com uma ponta de ferro para cutucar os bois, mantendo assim, um ritmo na caminhada e indicar a direção que deveria seguir. Aquele gemido parecia mais uma música, mesmo que de forma um pouco triste, mas sem sombras de dúvidas, bem vinda ao ouvido do carreiro.
Conta minha avó paterna, que um dos ramos da nossa família que é Carreiro, derivou-se de um senhor que conduzia um carro de boi.
Lembro quando criança, que em nossa comunidade, no sítio Jenipapeiro, todos os donos de terras tinham seu carro de boi, indispensável para a realização das tarefas da propriedade. Era usado para o transporte da cana de açúcar, na época da moagem, do capim para ser dado ao gado, do milho, do feijão, do algodão e outros tipos de cargas, como o que sobrava da produção agrícola e que poderia ser vendida nas cidadezinhas vizinhas, para ajudar no orçamento familiar. Servia ainda para transportar a lenha para as padarias. Como era útil para os que tinham na agropecuária o seu sustento.
Sempre que Iracy, eu e Fábio, os três últimos irmãos da prole, ouvíamos, ao longe, o gemido do carro de boi, corríamos para a calçada. Ali ficávamos ansiosos esperando que ele se aproximasse da nossa casa, para sairmos correndo ao seu encontro. A alegria explodia em nossos corações quando subíamos em sua traseira e andávamos nem que fosse um pouquinho. Ah, lembrei o nome da parelha de boi, que puxava o carro de boi do nosso pai. Eles se chamavam Limoeiro e Limão.
A meninada da nossa época se contentava com as coisas simples, mas que nos dava prazer.
Nos dias atuais o carro de boi continua enriquecendo o folclore, como também a arte do nosso povo, tanto na música como na poesia.
Neneca Barbosa
João Pessoa, 28/08/2007