Ainda me lembro bem...
 
 
Certas coisas que ocorreram há muitos anos parecem que ficaram gravadas na memória, tanto as positivas quanto as negativas.
O gosto de tudo que aconteceu pela primeira vez em minha vida ainda parece recente, como o beijo, a decepção, o porre, a responsabilidade, vitória ou derrota, reconhecimento, injustiça, saudade, perda, dor, amor, entre outras tantas coisas.
Do beijo lembro de algo confuso, sem rumo, sem saber se estava sendo feito de maneira correta, sem saber que não existia uma forma correta e sim que deveria ser impulsionado por um sentimento.
Da decepção de chegar à conclusão que era somente um beijo, não um “até que a morte os separe”.
Do porre inconseqüente inspirado pela decepção, sem saber direito ainda o que significava a palavra inconseqüência e sem saber que muitas outras decepções formariam fila.
Do desafio em encarar a primeira responsabilidade, aquela que temos certeza que daremos conta, ao menos é isso que fazemos questão de demonstrar, mas lá no fundo existe o maior receio do mundo, de que não vamos conseguir de jeito nenhum.
De ter tido sucesso nessa responsabilidade e em outras não, sentindo-se um pouco vitorioso ao mesmo tempo em que frustrado, fruto de um reconhecimento que veio amparado por uma injustiça, sem saber também que estes sentimentos se repetiriam ainda muitas vezes.
Da saudade que alguém deixou, mostrando que não só as dores de amor são as que doem lá no fundo.
E finalmente o amor, agora correspondido, agora com grande chance de ser eterno ou de repetir toda uma centena de sentimentos, como de fato aconteceu.
Ainda me lembro bem de todas essas sensações, parecem que aconteceram há alguns minutos atrás, coisa muito recente e que provavelmente sempre me fará retornar para uma época em que eu vivia com a cabeça no mundo da lua.
Pois é, muita coisa mudou menos que o sonhador de décadas atrás ainda existe em mim.


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JGCosta
Enviado por JGCosta em 04/03/2010
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