Samson - Em uma tarde de inverno

Eu não poderia pensar no que estava fazendo, tive muito tempo para isso.

Aquele dia já estava bastante estranho e fazia tempos que eu não me sentia assim;

Eu estava disposto a enfrentar os meus fantasmas pela primeira vez, encarar de uma vez por todas a minha realidade por mais que me doesse.

Olhei ao me redor não havia ninguém, ouvia apenas o farfalhar que a brisa fria fazia divertindo-se com as folhas secas pelo chão. O tempo colaborava bastante dando um efeito solene: o sol estava atrás de algumas nuvens que teimavam em escondê-lo.

Olhei para o chão e a encarei depois de tanto tempo. Meu coração estava acelerado, minhas mãos suavam frias e minhas pernas tremiam pareciam que não iriam sustentar meu peso. E não suportaram.

Cai de joelhos no chão; o vento soprou um pouco mais forte sobre meus cabelos.

Olhei aquelas palavras que a definiam: “O amor não morre, mas se eterniza no eterno ser”.

Uma lagrima escorreu pelo meu rosto, quente e simples. Lembrei-me de quando ouvira aquelas palavras pela primeira vez: Estava eu e ela no Mount Washington ela me observava engolir um sorvete com um olhar meigo e um sorriso de compreensão que me fazia sentir único como se tudo em mim fosse perfeito pra ela. Logo ela virou pra mim e disse que me amava.

Sorrir ao lembrar o quanto eu era babaca perto dela, pois perguntei a ela como ela poderia amar um cara como eu; ela deu um leve sorriso e disse- me que me amava do jeito que fosse e que sempre confiou muito em seu coração. Depois me beijou.

Uma lagrima escorreu novamente pelo meu rosto ao lembrar esse momento.

Lembro-me ainda de ter feito outra pergunta a ela:

- Você acha que nosso amor vai durar pra sempre? – que idiota que eu era por perguntar isso.

Ela desviou seus olhos para o rio, o sol estava se pondo lá longe no horizonte (era uma coisa que adorávamos assistir juntos), batia um leve vento. Ela virou pra mim e deu outro sorriso tímido.

- se a gente se ama muito não tem porque nos preocuparmos se esse amor irá acabar um dia, eu acredito nele.

Eu olhei bem para ela e cada momento eu descobria o quanto a amava, cada vez mais. Foi então que ela olhou para o horizonte e disse a frase que jamais saiu do meu coração.

- o amor não morre, mas se eterniza no eterno ser. Dentro daquele que realmente está pronto para senti-lo.

O vento levou aquelas palavras que ficaram repetindo sem jamais se perderem no tempo.

O vento soprou mais forte e a neve começou a cair timidamente.

Eu estava ali de joelhos no chão, tão perto e ao mesmo tempo tão longe dela; jamais ouviria da sua boca aquelas palavras novamente.

Limpei a neve que queria tampar aquelas palavras e coloquei ali uma rosa, a mais bela e vermelha daquele jardim. Respirei fundo e me levantei, estava com um nó na garganta. Enxuguei meu rosto, que estava manchado de lagrimas, com a manga da minha roupa. Fui andando em direção contraria lentamente, então me virei uma ultima vez para olhá-la; não sabia quando seria a próxima vez que faria isso novamente a julgar pela dor reprimida e o vazio que sentia no peito. Então me virei e continuei andando em direção a saída; cruzei o arco da entrada de ferro que dizia em letras enferrujadas: cemitério, quando a neve começou a cair mais forte e aos poucos foi cobrindo todo o chão.

As lembranças continuaram me acompanhando, de vez enquanto de fazia sorrir bobamente, então declarei pra mim mesmo o que jamais esqueci: Te amo, Ana clara. Sempre te amarei.

Deh Ferrão
Enviado por Deh Ferrão em 02/03/2010
Código do texto: T2116586
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