Covardes e lacaios
Nenhuma revolução séria começou por ambições políticas de grupos; as verdadeiras revoluções foram feitas seguindo a vontade do povo, partindo do povo, no desejo de melhorar de vida e erradicar a espoliação cometida pelos poderosos...Foi o que aconteceu na França, União Soviética e Cuba. Não importa o que aconteceu depois daquelas revoluções, valeram as mudanças que acarretaram; não importa se das revoluções resultaram regimes socialistas ou capitalistas, o que interessa é o efeito prático para o povo. Na América do Sul, as revoluções foram feitas por grupos inconformados, geralmente militares reacionários. O Brasil pode-se jactar de ter feito revoluções? Obviamente não; o único símbolo de heroísmo e patriotismo que conhecemos é do Tiradentes, um alferes, que acabou virando bacalhau na mão dos colonizadores; mais alferes do que revolucionário...A chamada revolução de 64 não passou de um golpe dos mais sórdidos, pois, João Goulart era Vice-Presidente legítimo, eleito pelo povo...Não era como hoje, que os vice-presidentes vêm num pacote com o presidente. Jango teve mais voto para vice do que Jânio para presidente...O próprio Jânio estimulou a chapa Jan-Jan, traindo o seu próprio vice. O pior castigo para um povo é governantes rasgarem uma constituição, por mais vagabunda que seja, para chegar ao poder. País incrível o Brasil, em que os militares, funcionários fardados da Nação, sem mandatos do povo, audaciosamente, depõem um presidente legítimo! A moeda desvalorizada, o povo subserviente, os lacaios e os covardes...Governantes que enganam sempre...Realmente o povo tem de escrever sua própria história! Os governantes devem ser ensinados à força, para que não fique esquecida a lição. A revolução francesa e a cubana não pouparam os traidores do povo e os aproveitadores. Guilhotina et paredón!
O famoso jeitinho brasileiro deixou o Brasil numa situação crítica! Os políticos têm um apego muito grande ao poder e nunca têm qualquer gesto de desprendimento com o povo! São movidos por interesses pessoais e subalternos; durante a campanha política usam linguagem demagógica para obtenção de votos; uma vez eleitos, esquecem compromissos e buscam vantagens das chamadas mordomias...Após a renúncia de Jânio Quadros, por motivos até hoje ignorados, ou pela pressão das famosas forças ocultas, o vice João Goulart aceitou o parlamentarismo para conseguir tomar posse! Óbvio que os golpistas, políticos civis e políticos militares tiveram a cumplicidade do próprio Jango, porque aceitou a troca do sistema político, para permanecer no poder. Situação anômala e profundamente lamentável, que só poderia dar no que deu, um golpe militar com direito às explicações cívicas necessárias. Tivemos de agüentar longos anos de governos militares, que enterraram a Nação e consumiram o espírito de patriotismo do povo; jogaram o Brasil na cova rasa do terceiro mundo. Quando Tancredo Neto foi eleito, houve uma acomodação do PMDB aceitando disputar uma eleição com regras inventadas, sendo o povo mais uma vez esbulhado, prejudicado, pisado e estropiado...A coisa piorou com a morte de Tancredo sem tomar posse; Sarney passou a representar a figura disfarçada de presidente, sem coragem de tomar atitudes, sentindo-se como a pessoa errada no lugar errado! Lembrei-me da anedota - José, corre, pega essa barca que tua casa está pegando fogo em Niterói...Entrou, e quando a barca estava no meio do caminho pensou - não sou José, não moro em Niterói, o que estou fazendo nessa barca? Assim fez Sarney, que por sinal não é José Sarney, mas Jose Ribamar...Como pode um presidente ter nome de guerra? Cometeu tolices, inclusive, algumas imperdoáveis, como recitar os versos do bardo maranhense Bandeira Tribuzzi, em plena tribuna da ONU; é achincalhar demais o pais! Bandeira Tribuzzi? Faça-me o favor...Esse nem o Zé Guilherme Merquior sabe quem é...Provavelmente algum afilhado...Algum tempo depois, li alguma coisa da lavra desse festejado poeta e não achei muito ruim...Aconselho como leitura descompromissada, para ler na praia enquanto toma sol!
Sarney apesar das tolices tem uma grande virtude - ser um homem extremamente liberal! Politicamente eu o conheço, há muitos anos, e tinha por ele uma certa admiração; conheci-o pessoalmente, já numa fase muito crítica, no fim da batalha dos cinco anos de mandato, que o desgastou muito; tive a idéia de um homem acabado e, paradoxalmente, derrotado! O futuro costuma ser condescendente com os homens públicos; passa a raiva...Vamos esperar sua saída do governo em 1990 e vamos acompanhar a atuação do próximo presidente; quem sabe reformularemos as críticas...
Nunca sabemos as coisas que se passam nas cabeças dos políticos; na ocasião do golpe de 64, foram criadas normas de eleições indiretas sem voto secreto...Os deputados se levantavam e diziam o nome do candidato...Imaginem que Juscelino levantou o braço direito e gritou - Humberto Alencar Castelo Branco! Provavelmente pensava que depois do Castelo teríamos eleições diretas e ele seria eleito...Quanto ao Carlos Lacerda...Prefiro não contar!