O IMPACIENTE INGLÊS
Um trovão rompe o silêncio e desperta lembranças:
- Sonhei outra vez com sombras. O que isso quer dizer, doutora Sigmunda?
- Elabore este sonho, meu caro. Não sou vidente, apenas psicanalista!
- Desde pequeno tenho um pesadelo recorrente. Estou num quarto escuro, um temporal desgraçado lá fora e a porta bate. Quando um relâmpago ilumina o céu, vejo sombras na janela. E grito! Grito muito!
- Lembra o que diz nestes gritos?
- "Ah"! E depois, "Oh"!
- O que sente ao ver as sombras?
- Pânico. Acho que é trauma de... Ah! Oh! Escutei passos na sala de espera, mas sou o último paciente de hoje. Estamos só os dois aqui.
- Acalme-se! Voltemos às sombras. Lembra de algo ao pensar nelas?
- Oh my Freud! Digo, doutora Sigmunda Fuad! Ajude-me! Ouvi outro barulho. Estou alucinando? Enlouqueci de vez? Qual o sentido?
- Elementar, meu caro Washington. Você está num ponto crítico da análise! As defesas frágeis e por isso, projeta sombras no mundo exterior. Fantasias que não existem a não ser em seu imaginário...
O som de outro trovão assusta o paciente. As luzes do consultório se apagam e a porta é arrombada. Surge o vulto de um homem encapuzado e sua voz vibra sombria:
- Isto é um assalto!
Aos berros, Washington pula do divã e pendura-se no pescoço do ladrão:
- Obrigado! Você me salvou! Não estou louco!
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(*) IMAGEM: Google
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