Chegando antes de partir

        Há muito tempo que cheguei à conclusão que um dia chegaremos ao nosso destino antes de partir.

        Sem dúvida, à primeira vista, uma frase incoerente. Acontece que cada vez mais ela se torna possível. Afinal já não está bem esclarecido pelos cientistas que o tempo não existe? Ou se existe, não é da maneira que pensamos que ele é? Passado, presente e futuro coexistem simultaneamente. Quem andou falando isso foi aquele gênio doidinho da língua de fora. O Einstein. 

         Quando ponho meus neurônios para trabalhar e tentar entender isso, eles reagem. Não querem saber de confusão. Dizem claramente: olha, nós ainda não estamos preparados para entender isso. Não nos canse a toa. Temos coisas melhores para fazer. E não é que eu tenho que concordar? Em um copo não cabe a mesma medida de água que cabe em um balde. É esperdiçar água tentar fazer isso. 

       Mas existe uma coisa que meus neurônios podem compreender – Tudo o que é pensável pode existir mesmo que seja sob a forma de fantasia. Então, vou criando ilusões como essa.

      Muitas vezes fico pensando se eu existo ou se sou apenas a projeção de uma mente superior a mim. Não sou real. Essa mente pensa em mim de forma tão forte que me leva até a ter pensamentos próprios. 

      Outras vezes penso que só eu existo e que tudo o mais é fantasia. Às vezes penso ser o sonho, outras vezes o sonhador.

       Loucura tem limite? Não, não tem. Mas como eu não sou louca, só de vez em quando tenho pensamentos assim, desvirtuados do que aparentemente é real.

        O tempo é uma ilusão. Só nossa consciência é real e é ela que determina onde estamos em qualquer momento considerado. Li isso, como uma verdade cientifica. Aí fico pensando: só existe uma consciência? Ou essa consciência se coloca no exato momento em que bilhões de outras consciências se colocam? É uma situação que não vai nem pra frente nem para trás. 

        Gosto do meu passado, mas não quero voltar a ele nem modificá-lo. Tem vezes até que penso: se eu tivesse feito isso a minha vida não seria assim como é. Então descubro que gosto dela como ela é. Levei muito tempo (?) para gostar de mim para querer ser outra hoje. E também não me interessa saber como será daqui pra frente. Sei que gosto de estar aqui. Sei também que a evolução é como a fila que anda e cada vez mais rápida. Portanto as coisas vão continuar mudando e teremos que nos acostumar a essas mudanças. Se amanhã eu conseguir compreender esses novos conceitos, sobre o tempo, a realidade e outras inquietudes, tentarei estar pronta. Se algum dia eu descobrir que sou apenas um personagem em um vídeo game, o que se há de fazer? Por enquanto gosto da idéia de ser gente e real, ter um passado gravado em mim e um futuro para viver. Mesmo acreditando que um dia tomarei um avião em Guarulhos (ou Confins) e chegarei ao meu destino uma semana antes.
 
Lavras, 01 de março de 2010