A VERDADE A MENTIRA E O MARTÍRIO.

Muitos pela verdade foram levados ao martírio. Odiavam a mentira. Hoje mostra a ciência que o mentiroso de qualquer grau, mas compulsivo, é psicopata. Essa é uma verdade tranquila e podemos assistir, como disse em comentário a recantista Iaci, que muitos deles vivem próximos a nós.

No correr dos ciclos da humanidade mártires foram perseguidos por amor à justiça. O primeiro mártir que sofreu horrores na condição de homem,embora Filho de Deus, por amor à justiça, sendo seu paradigma, foi Cristo, que perguntado o que era a verdade nada respondeu.

A sagacidade das mulheres, sensíveis em soma maior do que os homens, fez Prócula, mulher de Pôncio Pilatos, advertir seu marido, autoridade romana que julgava Cristo, do sonho que tivera, antevendo o sofrimento de uma mãe, e disse: “Pilatos! Não reajas contra o destino! O destino avisou-te pelo meu sonho! Não te manches no sangue do Justo! (fala olhando Jesus)."

O sonho de Prócula mostrava uma mulher e matavam-lhe o filho. Pilatos tinha na fronte gravada com letras de fogo uma horrível palavra. Quando o condenado expirou, todo o corpo de Pilatos ficou negro e em sua fronte brilhava mais viva a horrível palavra misteriosa que Prócula não declinou, guardou em sua mais profunda intimidade tal era a mácula que significava.

O amor à justiça, à verdade, e sua decorrente perseguição marcantes nas páginas da história, encerra os mais meritórios e modificadores movimentos em prol da humanização do homem para realização de sua possível felicidade. A mentira é doente e faz do mentiroso um refém da psicopatia.

A vaidade que é capaz do autoelogio doentio se satisfaz com a mentira, esta é mais forte que a fome, está enraizada fortemente em sementes que nada geram, são as figueiras inférteis.

Os mártires perseguidos por pretenderem fazer justiça, conheceram este lado nefasto que pontilhou a história de crueldades se opondo às mentiras.

Deram suas vidas por este objetivo. Se buscarmos em suas motivações os grandes movimentos pela libertação dos homens de todos os jugos, de todos os grilhões, lá estará a inteligência do maior de todos os mártires, Jesus Cristo e, conscientemente ou não, os seguidores de seus princípios.

Milhares morreram em nome da verdade!

Somente para apontar dois gigantes em meio a tantos outros, lembramos Luther King e Gandhi.

João Paulo II falava com freqüência aos cardeais, padres e fiéis, sobre o martírio aos quais dirigiu suas encíclicas. E ele definia o martírio como “a mais alta demonstração da verdade moral para a qual poucos são chamados”, “era o auge da disposição de morrer pelo esplendor da verdade”.Esse seu entendimento, “o sangue dos mártires é a semente dos cristãos”, dizia. Se voltarmos ao passado, veremos o quanto de verdade existe na afirmação.

Mas a mentira é uma só, repele a confiança deixando sem sustentação afirmações, pois não há pequenas ou grandes mentiras como não existem pequenas ou grandes verdades. A verdade é uma só, como a mentira, que vicia o mentiroso, sempre um psicopata inflado de vícios de personalidade.

A Igreja Católica foi construída sobre o sangue dos mártires a partir do precioso Sangue de Cristo, passando pelos anônimos mortos nas arenas romanas, disponíveis para morrer pela crença, pelos santos supliciados e por todos que morreram pela fé.

O sangue dos martirizados foi e é a vida da Igreja Católica que desembocou no mar de esperança que todos ainda nutrem na bondade humana, como uma “parúsia”, a verdade que seria a volta do Messias, de Jesus, pela segunda vez, como previsto por São Paulo.

Movidos pelo destemor e pela coragem, mártires nada pediram em medalhas ou condecorações para lutarem pelas grandes causas, verdades que sempre se situam nas conquistas pelos bens mais excelentes da humanidade; liberdade de pensar e agir, religiosa e civil, diferentemente do mentiroso que é covarde e sempre recua quando confrontado ou silencia.

Ser mártir é dar a vida e ser imolado pelo que se acredita como verdade reformadora do mundo no sentido de melhorá-lo. É o purismo idealista construído com luta e denodo, fortalecido na crença alimentada pela vontade férrea de trazer para todos o que seja o melhor, verdadeiro.

A luta do mártir é prazer e alegria, seu flagelo o incenso que embriaga, sua ideologia o altar do sacrifício que levará sua bandeira a tremular sempre após seu martírio, e que restará como símbolo de quem sacrificou-se por valores consideráveis para todos.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 28/02/2010
Reeditado em 01/03/2010
Código do texto: T2113057
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