Contraste de conduta
(Por Onofre Ferreira do Prado)
Numa madrugada de 25 de dezembro (1 hora), parei meu carro para cumprimentar um amigo pela passagem natalina. No instante que desci, aproximou-se uma viatura da gloriosa PM/MG. O policial que dirigia parou próximo a mim, perguntando logo em tom autoritário, de quem era aquele carro.
A rua de mão dupla, situada num local quase periférico da pequena cidade, estava vazia e deserta. O carro estava estacionado na mão, ligeiramente afastado do meio-fio, perto de uma esquina, sem atrapalhar alguém. Era o único no local.
Prontamente, respondi: __É meu, por quê? Recebi logo a seca ordem: "Estacione direito." Então falei: __Está bem, vou estacionar. A viatura policial deu partida. Entrei no carro, indo direto para casa, desapontado e com algumas perguntas. Ora, se numa rua larga, de mão dupla, vazia e deserta, a uma hora daquela, será que não houve exagero da autoridade policial?
Sem nenhum desdouro à autoridade e tirando os exageros; no mínimo, o ambiente sócio-cultural determina o nível da linguagem a ser empregado, enfim, somos seres sociais e políticos, células de uma sociedade que tem preceitos, que valoriza as qualidades de conduta pessoal. Todo ser humano merece tratamento respeitoso, civilizado. Será também um erro acharmos que parecido é igual? Pode ser que sim, mas pode ser que não!
A rigor, o mais importante da história, é que, no mínimo, persiste um contraste de conduta, levando-se em consideração que sábado, 23 de dezembro, dois dias antes, em plena luz do dia, testemunhei que o trânsito, justamente no centro da cidade, estava um caos, com automóveis estacionados em fila dupla, ocupando as duas mãos de uma das avenidas mais movimentadas. O difícil é saber onde estava a autoridade para orientar, organizar e fiscalizar.
Na minha avaliação, o caso merece uma reflexão mais ampla, sobre o preparo e a conduta dos servidores de segurança pública de nosso país.