NO TEMPO DE MINHA VO

Acordei com muitas saudades do meu filho, que mora ha mais de cinco anos em outro pais.

Logo me consolei, pois sou otimista por natureza, e procuro realcar sempre os pontos positivos de toda situacao.

E pensei.....aaaaaaa, Lena, vc nao tem do que reclamar, pois, tem e-mail, tem aim, tem msn, tem telefone, entao sempre ha noticias.

Lembrei-me ainda, de meus bisavos, o Antonucchi e a Concetta, que vieram la do sul da Italia, e nunca mais retornaram pra ver quem la deixaram, e as cartas levavam mais de quarenta dias, para chegar ao seu destino.

Mas sem querer, comecei a recordar, os tempos idos da infancia, que teimam em estar sempre frescos em minha memoria.

E la me vi novamente cercada, por toda familia, e refleti como era diferente.

Nenhuma mae, de nossa familia aquele tempo, cogitaria em ter seu filho morando em outro continente.

Imagina ! ! ! nem em sonho.

O sonho era casar os filhos, e te-los no maximo, na vila mais proxima da nossa.

E ai pensei como os desafios vao mudando de geracao a geracao.

Hoje e comum nossos rebentos tao amado, sairem pelo mundo.

E nosso desafio, e deixar ir, soltar as amarras.

Lembrei-me de minha querida vo Carmela, que assistiu praticamente todos seus netos nascer, ajudando ativamente a parteira em seu trabalho, pois quase todos nasceram em sua casa, em seu quarto, em sua cama.

Era comum, ouvi-la contando, dos cuidados, com as filhas, no periodo do chamado "resguardo".

Muita canja de galinha, criada no galinheiro de nosso quintal.

Muita canjica, que segundo ela, fazia produzir mais leite. (nenhuma comprovacao da ciencia, mas ia dizer isso pra ela....)

Nao podia faltar tambem, a conhecida na epoca, Malzbier, essa minha vo, garantia, que fazia jorrar leite. Vai se saber ne.

Porem o ingrediente essencial, que ela doava a suas tres filhas, que acabavam de dar a luz, era o carinho, o amor, em forma de cuidados e atencoes, que so vai receber, quem possui um anjo encarnado chamado MAE.

Ela sempre contava, que quando sua filha Neide, estava em trabalho de parto, de um de seus filhos.

A coisa complicou, ja tinha mais de doze horas, que a filha sofria, e gemia, e a parteira e minha vo, nao estavam conseguindo muita coisa.

Minha vo, entao, contava que nao teve duvidas, apelou aos seus Santos de confianca, sempre foi de uma fe enorme, e depois de algumas oracoes e velas oferecidas, em menos de uma hora, nascia um meninao.

Foi ela quem deu o primeiro banho em todos os netos, os enfaixou, enrolou no cueiro (essa peca a mocada, nem vai saber o que e) ficavamos parecendo uma mumia, de tao enfaixados.

Feito isso, o colocava ao regaco da filha, para que desse a primeira mamada.

E a conduzia na arte do aleitamento materno, com uma experiencia tal, e uma ternura sem fim.

Do umbigo entao, a esse era um caso a parte, havia todo um ritual pra cuidar dele, ate que secasse, caisse.

E ela se orgulhava, quando num dia de calor, estavam todos os seus netos ja mais crescidos, brincando no quintal em uma grande tina de madeira (era nossa piscina) ou no rio que passava no fundo de sua casa.

E nossos umbigos ficavam expostos, ela entao dizia, "olha que lindos, todos de umbigos perfeitos, nenhum saltado."

Isso dizia ela, gracas a moeda que coloquei em cima do umbigo de cada um, e prendi com a faixa, viu so, deixou todos com umbigos perfeitos! ! !

Tambem era dela e de meu vo, o posto de padrinhos de batismo de todos os netos.

E em sua casa, todos os almocos para comemorar essa data tao importante para ela, eram feito sobre sua batuta.

Hoje, vejo o quanto ela foi feliz, por viver em um tempo, onde era usual, os filhos continuarem, muito perto a vida inteira.

Ela teve a oportunidade, de continuar zelando e convivendo com seus preciosos filhos e a familia que eles formaram.

Aqui, paro e suspiro......., os tempos mudaram, o mundo virou uma aldeia, onde viver em outro continente, e quase comum.

Temos a nosso favor a comunicacao que se ampliou imensamente.

Porem, nao adianta, nada substitui o abraco, o cuidar mais de perto. O poder zelar e ser util, o olho no olho, os papos longos e adoraveis, com o filho amado.

Nada preenche, os cafes de todas as manhas, que nunca aconteciam, sem uma conversa gostosa e amiga, mesmo que rapida.

Nao adianta, e o mundo moderno, e temos que nos adaptar a ele.

Mas.... que faz falta o abraco do filho querido, seu sorriso, que por si so, ja deixa nosso dia mais iluminado, aaaa isso faz.

E ai, pensamos em nossa, bondosa vo Carmela.... e mandamos um recado a ela, onde ela estiver.

"Viu vo, como a Senhora foi feliz, seus tempos eram outros..."

Lenapena
Enviado por Lenapena em 28/02/2010
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