Em busca da cantada perfeita
Quando vamos para a balada, já saimos de casa com uma predisposição.
À vezes, queremos conhecer alguém novo.
Às vezes, ficar por ficar. E nada de sexo.
Às vezes só sexo.
Às vezes só beijo.
Às vezes não estamos afim de nada.
Que é mais ou menos o estado em que eu me encontradava. Depois que a minha relação com o Rafael não deu certo , fiquei um pouco “down”. Sei lá, apesar de conscientemente estar afim de conhecer novas pessoas e me desligar do que sentia por ele, é como minhas amigas me disseram, a Mônica de forma mais direta, “Tu não está te esforçando.”
Realmente não estava. Acho que lá no fundinho do meu coração dark e solitario havia uma pontinha minuscula de esperança.
Bom, a historia não é essa.
Lá estava eu, na festa de formatura da minha amiga. A gente estava se divertindo. A festa estava fantástica. E tudo o que não passava naquele momento pela minha cabeça, era beijar alguém. Minha predisposição para aquela festa, era puramente, me divertir. Até que:
_ Nossa que chapéu bonito.
Bom, eu não sabia se era pra mim. Só me lembrei que estava usando um chapéu verde das brincadeiras da festa.
_ Nossa, esse seu chapéu é muito bonito mesmo.
Eu me virei, curiosa. Era pra mim. Um moço, bonitinho até, usando o mesmo chapéu que eu, me olhava com um sorriso engraçado:
_ Moça, você tem um bom gosto para chapéu.
Eu sorri. Sei lá porque. Apenas respondi:
_ Obrigada moço, você também tem um bom gosto. Muito bonito seu chapéu.
Por um instante eu pensei que aquela era a pior cantada do mundo, enquanto ele se reaproximava e dizia:
_ Eu não sabia o que falar. Você está muito bonita. Mas foi uma péssima cantada né?
Eu ri. Pela sinceridade.
_ Posso tentar de novo?
Eu não conseguia resistir.
_ Claro.
_ Então vamos fingir que não nos conhecemos. – Era irresistivelmente engraçado. – Oi, moça.
_ Oi.
_ Posso advinhar seu nome?
_ Pode.
_ Por acaso é Tamara?
_ Não.
_ Bom, mas você “tá maravilhosa.”
Era cada vez pior. E nós rimos, porque não tinha graça nenhuma. Coisa de bebado você pensar.
_ Então, o que você achou dessa?
_ pior que a primeira.
_ Tudo bem, eu tenho um estoque.
Foi quando eu pensei a primeira vez na possibilidade de beijá-lo. Mas não senti vontade. Ele era fofo. Engraçado. Bonito. Mas não.
Então, ele tentou mais uma vez.
_ Oi.
_ Oi.
_ Moça, se vc me der uma chance, garanto que faço vc esquecer o Alex.
Eu já estava descrente, mas ele fazia aqueles gestos manuais de estimulo para eu continuar.
_ Que Alex?
_ Viu? Já está funcionando.
Nós rimos mais um pouco.
_ Tudo bem eu desisto. Como é o seu nome?
Conversamos um bom tempo. E foi muito interessante falar com ele. Já nem me lembrava mais de Rafael. Já estava me interessando por ele, então perguntei:
_ Como vc se chama?
_ Vou te dar quatro opções, se vc acertar eu vou embora e te deixo em paz.
_ Ok. – Não que eu quisesse acertar.
_ Rafael, Gabriel, Samuel e Leonardo.
_ Leonardo. – chutei.
_ Não.
_ Rafael. - ( Só faltava) pensei.
_ Não.
_ Samuel.
_ Não. Moça, não tenho escolha. Agora tenho que ficar aqui. Meu nome é Gabriel. E posso te pedir uma coisa?
Era inveitável.
Ele me pediu um beijo. E eu neguei.
Sendo aquela idiota, hipócrita e dificil.
Mas ele não desistiu tão fácil. Conversamos mais um tempo. Mais um longo tempo. Em que ele me elogiava e se interessava por mim. Era fácil baixar a guarda.
Até que ele me roubou um selinho. Eu nem me lembrava mais como era selinho.
Como era beijo roubado.
Mas foi macio e gostoso.
Foi um bom beijo.
Então, não resisti. E acabei por beijá-lo.
E foi bom. Tão divertido como eu não já nem lembrava mais como era bom.
E depois acabou. E agora estou aqui, tentando entender aquelas cantadas...