Filtro Imaginário

Desconfia-se demais.

Não se questiona as próprias atitudes, mas as alheias é algo fácil, rápido e indolor.

Pensar que ser uma pessoa boa, amiga, sábia, inteligente e correta seria suficiente para escapar do alvo, na verdade é tolice. Não se escapa. Não se exime.

Adoto que a crença nas pessoas deve vir inabalável até que seja atingida por algo concreto. Por fato. E que o fato deve ser efetivamente verdadeiro.

Estou errada? Talvez, mas vivo melhor assim. Minha consciência e meu sentimento de justiça assim exigem.

Começo a pensar que Sócrates estava carregado de sabedoria quando criou o seu filtro imaginário. Começo a pensar que as pessoas deviam dar mais e mais credibilidade a ele.

O mais incrível é ser criticada por isso, por defender. Afinal o que há de tão errado e condenável em pensar assim? Em ser fiel a este pensamento? É quase uma condenação por se recusar a condenar sem provas. Não parece absurdo?

Estou confusa com o conceito de lógica, pois pra mim este pensamento parecia ser absoluto e inquestionavelmente lógico. Não é, pelo jeito. E quanto a isso, tenho as provas escancaradas na minha cara e berradas aos meus ouvidos, portanto, sou obrigada por mim mesma a aceitar, a enxergar. Até porque são muitos. Devo estar maluca.

Ninguém tem a sensação de que o mundo ta virado do avesso? Neste momento, parece que chego a ver cabeças onde deveriam estar os pés.

Em que momento isso se estabeleceu? Como pude ficar inerte, não perceber e ao menos tentar gritar pra procurar quem eventualmente percebesse uma inversão? Ok, não cabe a mim, mas no momento estou sozinha por pensar assim, portanto, só minha voz poderá expressar meus pensamentos.

Não sou maior, melhor, menor ou pior por pensar assim. Não sou nada. Só sou eu. Preciso mudar? Talvez. Mas por enquanto, o mais louco é que, não por teimosia, mas por convicção, ainda acredito. Estou sendo intransigente? O que fazer? Eu acredito MESMO! Devo dizer que não acredito e contrariar todos os meus alarmes internos? Devo trair a mim mesma pra deixar de ouvir criticas e receber olhares indignados? Tem algo errado, lá ou cá. Ou em ambos. Minha mente não autoriza.

Acredito que o mínimo que devemos fazer é antes de levantarmos o negativo, nos apegarmos ao positivo até que o outro se mostre por si, acuse sua presença. E enquanto não acusa, ficar com o positivo.

Acredito que o posicionamento no dia a dia, a forma como se lida com as dificuldades, a forma como se analisa ou participa de julgamentos alheios ilegítimos, a forma como se convive em sociedade, tudo isso TEM que valer alguma coisa. Ou será que as pessoas realmente não acham que tem? Pra mim isso vale e muito. Pra mim é assim que se constrói relações fortes e incondicionais. Não é? Tô confusa. Então porque duvidar? Se não há certeza, pq levantar essa dúvida? Constrói? Ajuda? Tem bondade? Tem utilidade? E mais importante: tem verdade? Então pq levantar? É, Sócrates era um gênio.