Saudades daquela Porto Alegre
No ano de 1988 entrei para a faculdade de publicidade e propaganda na UNISINOS que fica na cidade de São Leopoldo, RS, distante 30 Km de Porto Alegre.
Em virtude desta proximidade e o fato de ter um irmão já morando em Porto Alegre, para lá me mudei. Fui morar em um apartamento tipo JK, sozinho. O coitado do meu pai trabalhava dobrado para sustentar dois filhos estudando, só estudando e gastando, na capital.
Entrou comigo na faculdade meu primo Daniel. O JK que aluguei ficava a duas quadras do apartamento do Daniel que morava com sua irmã mais velha.
Como não conhecíamos a cidade, nas primeiras semanas ficamos todas as tardes andando de ônibus. Saímos de uma linha e entrávamos em outra. Assim, em 30 dias conhecemos toda a cidade e nos orientamos pelos pontos de referência de cada bairro ou região.
Nós morávamos no Bairro Bom Fim, conhecido reduto de estudantes naquela época. Época em que se podia anda à pé em Porto Alegre a qualquer hora do dia ou da noite. Época em que engarrafamentos só se via em dias de clássico Gre-Nal ou carreatas políticas. Ficamos encantados com a cidade e tudo o que ela poderia oferecer.
Nós íamos à pé até a estação do Trensurb (metro do RS), de lá pegávamos o trem até a cidade de Esteio onde embarcávamos em um ônibus que nos levava até a UNISINOS. Na volta, fazíamos o caminho inverso. No frio ou no calor, essa era nossa rotina durante a semana.
Nos finais de semana, saíamos à pé para as baladas, sem a preocupação com segurança como se tem hoje.
Aprendemos a gostar da cidade pois a mesma e as pessos nos acolheram e ali fizemos muitas amizades.
Em 2003 eu trabalhava em uma multinacional e morava em Dourados, Mato Grosso do Sul. Neste ano casei-me com uma Sul Matogrossense e, nas férias de inverno de 2004, a trouxe para conhecer o Rio Grande do Sul, mais precisamente Canela e Gramado. Foi um passeio e tanto. Minha esposa gostou tanto que demonstrou uma vontade muito grande de vir morar no RS.
Aquilo ficou martelando na minha mente e em final de 2005, surgiu a possibilidade de eu voltar para o RS. Como já sabia da vontade de minha esposa, foi unir o útil ao agradável.
Dezembro de 2005 mudamos para Porto Alegre, para o bairro Cidade Baixa. Morávamos, no Mato Grosso do Sul, em uma casa com 3 quartos, 2 garagens com churasqueira, um pátio grande, tínhamos 2 cachorros e estávamos acostumados com esta liberdade que só uma casa pode nos dar. Em Porto Alegre, alugamos um apartamento de um amigo de meu irmão. Um quarto, 1 banheiro pequeno, sala e cozinha, no térreo e sem garagem. Trouxemos conosco somente um dos cachorros, o coocker, pois o pastor alemão não iria dar certo naquele apartamento (ele ficou com um amigo meu).
Aos poucos fui mostrando a cidade para minha esposa e a cada bairro, ponto turístico, avenida em que eu mostrava, minha decepção com a cidade ia aumentando. Não havia mais glamour em andar por Porto Alegre. Tudo girava em torno de segurança, trânsito e disputa por alguma coisa entre as pessoas. Nem mesmo a feira livre ao sábados, no largo Glênio Peres me chamou a atenção, pois virou palco para políticos. O Brique da Redenção, famoso por suas "quinquilharias" estava sempre "engarrafado". Não me sentia confortável em sentar e tomar um chimarrão o Parque da Redenção, pois a violência e os drogdos tomaram conta do bairro Bom Fim.
Enfim, após um ano e meio de Porto Alegre, decidimos morar no interior. Fomos parar em Uruguaiana, na fronteira com a Argentina, onde trabalhei por um ano e fui promovido para a filial de Novo Hamburgo da empresa, onde resido até hoje.
Saudades, saudades de uma Porto realmente Alegre. Hoje, no meu humilde parecer, sufocada pela violência e trânsito descontrolados. Uma pena !