NUM SÁBADO DE 2007 SENTI INVEJA
 
 
            Fiquei com inveja da Fátima, que foi morar na beira da calçada, numa quitinete, e trabalhar na sua profissão, em local central, à beira dos passantes de Pedro do Rio.

            Senti inveja.
            Sim, senti. E por que tal sentimento se é coisa tão menor e sempre condenei?

            Talvez eu tenha sentido é outra coisa. Foi da alegria dela, que estava se realizando em seus próprios projetos. Olhando pra mim mesma, vi que eu não estava me realizando. E tanto projeto já tivera nos meus anos de sonhos e planejamentos. Aí estava o equívoco, outra dor diferente.

            Não era inveja então. Era desejo de realizar alegria, sentir alegria por conta própria. O olhar, o sentir, precisa ser cuidadoso, pois às vezes, toma-se por outro algo que tem outra direção. Cuidadoso olhar se faz necessário de si mesmo, de nossos próprios desejos e sonhos. E também de nossas próprias atitudes em relação a nós mesmos.

            Engano é olhar para o ato do outro. O caminho de cada um é só seu, e depende de seus passos, do seu pisar e no próprio caminho.
 
            Hoje é um domingo de 2010, e não invejo ninguém. Tenho seguido o meu caminho. Desejo que a Fátima tenha atingido o seu objetivo com alegria e felicidade merecidas.

            Estou no caminho meu. Detida, pensando no nome que darei ao meu livro a ser editado. Meu livro é uma descoberta da alegria de escrever. 

            E é um legado.