AVALIAÇÃO INTERIOR
Num certo dia, ao entardecer de repente,
me vi boquiaberto, admirando o crepúsculo,
sereno, calmo e tranqüilo, certo que ali,
ele cumpria sua missão, levando consigo,
mais um dia, em que tantas coisas aconteceram,
dia de dificuldades e aflições,
dia de grandes descobertas e desilusões,
dia de muitos nascimentos e mortes,
dia, onde os encontros sufocaram o alcançado,
os desencontros superaram os belos desejos.
Dia de novos e inesquecíveis aprendizados,
dia em que muitos estragavam comida,
enquanto outros morriam de fome.
Em alguns lugares muitos morrendo afogados,
noutros, a morte vinha pela seca escaldante.
O mais terrível é que na manhã seguinte,
começaria tudo de novo, quem sabe,
com maior intensidade e desesperança.
O ontem que se foi jamais será o mesmo.
O amanhã não nos pertence,
só há uma certeza, ele é incerto...
Enquanto o egoísmo imperar entre nós,
jamais teremos paz de espírito,
nem conheceremos nossos irmãos,
jamais saberemos se ele está sedento
de amor, carinho, de uma palavra amiga,
se está aflito.
O problema dele não nos interessa.
Vai ver esse meu irmão pensa
a mesma coisa. Ninguém se ajuda.
Morreremos todos juntos, no mesmo barco.
Afogados num mar de perplexidade.
Sem perspectivas, nem alguma solidez
que deslumbre nossas expectativas.
Opa! Mas nem tudo está perdido.
Se procurarmos auxiliar nossos irmãos,
teremos como recompensa: a saúde,
a paz de espírito, a esperança, o alívio
por ver alguém sorrir, saciar a fome.
A dor desaparecerá como o apagar do fogo,
cairá num grande abismo, sem volta.
Tudo se tornará numa legião de abnegados
em resolver os motivos capitais que geram
esse mal e preocupação com o sofrimento
dos outros.
E assim surgirá um mundo novo.