INTERNET. UM TIRO DE CANHÃO NA ÁGUA?

“Tanto o capitalismo como o marxismo prometeram encontrar o caminho para criação de estruturas justas. Esta promessa tem-se demonstrado falsa.”

“A Igreja é advogada da justiça e dos pobres precisamente ao não identificar-se com os políticos nem com interesses de partidos”.

“É realidade somente os bens materiais, os problemas sociais, econômicos e políticos? Aqui está o grande erro das tendências dominantes do último século.”

“Igreja é fé em Deus não é ideologia nem movimento social”.

SÃO REFLEXÕES DE BENTO XVI.

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Nenhum ser humano está além ou aquém do outro, de seu semelhante. É a ordem natural da humanidade desde o surgimento do imã centralizador de todas as convergências, o homem.

Como razão primeira e única de toda formação dos primeiros grupos o instinto identifica inicialmente o homem, o que ao sabor do tempo, face ao seu evolver e aos vários estados por que passou, desde as eras priscas, traçou distintos caminhos por força das preferências, interesses, formações e capacidades de cada um.

São diversos os graus de inteligência.

Capacidade é condição inerente ao conhecimento da atividade ou profissão que se desenvolve. É similar a sucesso, ser vencedor. Sem capacidade há uma “captio diminutio” pessoal, ou seja, a relativização da apreensão de conhecimento.

De um salto, após a mera diferenciação pelo instinto, sedimentam-se diversos estágios sociais-culturais para o ser humano, absolutamente distintos, incompreensíveis para alguns o entendimento de outros e suas falas, sua cultura.

Há um fator que barra o entendimento, o pensamento construído, sendo absolutamente ficto e inviável nessa abordagem considerar o valor dogmático mais alto e de estreita penetração, a compreensão.

O pensamento em conjunto com sua manifestação (capacidade) encontra a barreira da incapacidade, o desencontro do desconhecimento com o conhecimento, falta instrumentalidade. O processo e o fato a ser processado, comunicado, publicado.

Nem mesmo a simplicidade exercida pelos filósofos para explicar os atos e fatos da vida, os mais singelos, simplórios até, alcança êxito.

Nem ainda a prática da linguagem coloquial, distante da língua culta e erudita, colhe proveito, mínimo entendimento.

Não basta a experiência “é preciso elevar-se acima do impuro conhecimento que nos vem pelos canais deformadores dos sentidos”, como ensinava Kant em sua “Crítica da Razão Pura”.

Exalto e enalteço o alcance da internet como veículo de comunicação e congraçamento, aproximação, de comunhão e viabilização da palavra tão em voga, o contraditório, que tem como núcleo a depuração de arestas ásperas para galgar o cume do entendimento, já que compreensão é privilégio de uns poucos bem como seara de porta fechada para quem fica distante do estudo, da reflexão, da pesquisa e do mergulho no interior do eu despojado de vaidades, entrave e gravíssimo obstáculo para iniciação no processo da compreensão. O alcance que visibilizo encontra de alguma forma o conhecimento para todos, mesmo sem grandes enfeites.

É preciso erudição e vasta cultura geral, muita leitura para compreender, mas basta empirismo para entender. Esse entendimento é facultado pela internet.

Se exalto a internet - quanta produção excelente se encontra neste espaço - embora se fique inibido em tratar de horizontes maiores, ameaçado de pejoração, vejo ao mesmo tempo nessa ponte de indefinível alcance, um meio disseminador também do comprometimento da cultura e das línguas no sentido de ampliar, tantas são as violências que sofrem, e o pior, com ufanismo e celebrização.

Já Vi na TV reportagem sobre o projeto que intenciona unificar os países de língua portuguesa, difícil empreitada como vem acontecendo, mas com convenção assinada e vigência com data marcada.

Assisti jovens na rua dizendo que já modificaram a língua, imagine-se.Fizeram tal na internet, afirmaram.

Não sabem que a língua só se modifica pelos canais convencionais, pela conquista do exercício e por formalização oficial, não por convenção particular . Infelizmente, não sabem! Mas eventuais comunicadores, formadores de opinião, etc, também se irmanam a essa impropriedade, pois escrevem as maiores barbaridades ortográficas na mídia em geral, com mais incidência na internet, mesmo na língua coloquial. Pondere-se então alinhar discussão de grandes temas.....

Na lingua, variam as agressòes que compreende-se, concordância em número é uma afronta total, em gênero é menor, em grau absolutamente sofrível. Cedilha, s, rr, z, significação de vocábulos, concordância do verbo com o sujeito é um errar permanente, verbos irregulares são hieróglifos.

Falar em exceções, na possibilidade do sujeito composto concordar com verbo por atração, com o sujeito mais próximo, facultativamente, é palavrão, ou em figura de sintaxe, ou em outras particularidades da língua; tudo isso, nem pensar. Não existe gramática no momento para comunicadores, a ortografia é brutalmente espancada. Isto é péssimo.

Não falo de possíveis sutilezas, falo do rotineiro, da língua do dia a dia.

Qual a razão da abordagem?

Aqui se estabelecem as diferenças entre os homens sob o aspecto cultural pela via da comunicabilidade; o pensamento publicado por um dos meios da comunicação. Impõe-se severa fronteira, nítida linha divisória entre o pensamento culto que se informa em livros ou impressos em geral, trincheira limpa e pura da cultura, filtrada por editores e patrocinada.

Nesse sítio são discutidos os grandes temas. Como sinalizava Kant, o pensamento lançado sem reservas, como acontece na mídia eletrônica, sem conteúdo crítico, embasamento, é pensamento manifestado para a vala comum, já que se circunscreve muitas vezes ao resto, o que se joga fora por nada trazer de construtivo, novo em termos de informação ou criativo.

Por vezes é mitômano e ficcional em termos de vida real, de atividade e profissão, pois configura massa de proporções indesejadas para a cultura, e o pior, é aceito.

A comunicação tem dois pólos, criação e recepção; esses elementos mostram o valor educativo de uma nação.

A internet tem servido, também, E ISSO É O PIOR E MUITO, a muitas personalidades patológicas, desconhecidas em suas seqüelas. As surpresas do noticiário policial ratificam essa verdade.

Diga-se ainda, afirme-se, que a criatividade não está adstrita somente à criação como pretendem alguns, pois há de se curvar, ao menos, ao estudo de seu instrumento minimamente, no caso à língua pátria, sem o que é desprezível, não se insere na recepção da cultura aceita, mesmo que popular, estabelecida pelos canais da ordem rotineira impressa, editada, onde o que é chulo, tolo ou infantil, não é acatado e muito menos publicado.

A internet aceita tudo! Por vezes o discurso mascara o mundo natural sendo aceito pelos despreparados, mas em nome da naturalidade não se pode atropelar a língua violentamente, muito menos a verdade histórica.

Seria chegar ao efeito sem o instrumento causal ou à pretensão sem realidade. Um aleijão. Mas a internet está plena dessas manifestações e de profissionais não-profissionais. É um canal veiculador de frustrações e mentiras.

Há sem ser - já que é um pretenso jornalismo sem nunca se ter sido jornalista ou ter qualquer intimidade com letras, criatividade e vocação – uma padronização do simplório, que qualquer um digere por falta de condições de se alimentar e digerir coisa melhor.

Por exemplo, nos grandes temas, torna-se impossível a veiculação na internet.

Poucos se interessariam em que Deus constitui o horizonte mais vasto para uso do pensamento, ou que no sistema tripartido, Deus, o homem, e o mundo, as diversas críticas formam o núcleo da inteligência humana.

A supressão de Deus seria a eliminação da metafísica, o que não interessa aos filósofos e muito menos a quem desses ângulos não se aproxima. É desse tratamento que é dado a pequeno universo que Papa Bento XVI, por exemplo, é uma das máximas autoridades doutorais vivas.

É dessa função metafísica onde se reencontra a intenção do mito que se extrai a tarefa de assegurar ao gênero humano a coerência e sua estabilidade em idéia. É essa a alta missão do interessado em mais saber por saber que nada sabe, o princípio socrático verdadeiro e intransponível. Assim como a sintonia, a sincronia entre a razão e a fé, vale dizer, entre a luz e a sombra em qualquer campo, o conhecido e o desconhecido, o cérebro e a crença, enfim a sinergia de pólos que se excluem.

Essa tarefa de aproximação da internet, saindo do curricular para grandes temas, é tarefa imensa de quem realmente queira servir. PARA NÃO SE ATIRAR COM CANHÃO NA ÁGUA, muitos silenciam....

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 27/02/2010
Reeditado em 01/03/2010
Código do texto: T2110805
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