O DEFICIENTE E A MORTE.
Estive conversando com um espírita acreditado e limpo como pessoa dirigida a um fim determinado, firme na vontade de honestamente divisar outros planos.
Coloquei sempre minhas restrições respeitáveis ao Kardecismo, não que não creia em seus fundamentos, ao contrário, apenas questionador da incrível camada ou camadas de estamentos em que seria dividida a, chamemos assim, " corporação dos espíritos”.
Credito à limitação de minha inteligência os graves entraves que tenho para aceitar essa formação superior depois da morte como uma sociedade que mais se assemelha a um exército dividido em partes e, como disse, estamentos.
Creio, sem poder explicar, nessas paragens absolutas de paz e tranquilidade que podemos sentir pelo silêncio interior.
E a descrença respeitável, na formação como uma corporação, é ou seria, a mesma que não pode explicar o surgimento da vida e a formação do pensamento, ou seja, a propria espiritualidade.
Reside assim e aqui minha máxima reverência ao Espiritismo.
Mas, acentuo e repito, minha incapacitação de compreensão é que recusa a total adesão, não, fique claro, ao mundo espiritual e à ressurreição em corpo, mas ao que se desenha como esmiuçada e específica divisão das hostes dos que se foram e estão como espírito nessa sociedade “ post-mortem”. E só.
Me disse a referida pessoa que a deficiência dos que assim vieram ao mundo não segue o espírito, morto o corpo o espírito passa a ser um conhecedor do discernimento e do que se passa na terra dos vivos com todas as possibilidades de apreensão do que ocorreu e ocorre depois de morto.
Todos temos uma única certeza na vida, vamos morrer um dia, só esse sinal nos marca desde o nascimento e é inútil considerar qualquer medo sobre tanto.
Da mesma forma que se perde a consciência no sono e se deseja o mesmo para descansar, a morte é a liberdade para muitos e uma grande lição; você não pode morrer.
A onda vai à praia e volta ao mar, mas não se perde. Ela é una com o oceano como somos com o cosmos e à mutação espiritual e mesmo material. O corpo é mero invólucro.
Quando seu corpo está cansado você se despe e vai ao campo da eternidade, como quando dorme para descansar.
Quando você está excessivamente desgastado, como acontece com deficientes - exaustos pelo sofrimento para continuar carregando o pesado fardo da existência limitada, os que sofrem as agruras da carne, já que a dor moral dos insuficientes não se acerca, por falta de discernimento - morte é libertação, parte-se para um despertar de paz e calma.
Deus que pode parecer extremamente cruel, labora o contrário, trouxe a limitação ao deficiente para essa brevíssima passagem terrena, sem discernimento para o arbítrio, para operar o mal, e assim, nesse sentido, estar liberto da insuficiência em infinito espaço maior, a eternidade. Nunca teve culpas, é um incapaz, diferente dos que os cercam, capazes.
O espírita tem razão.