Espécime comum, comum até demais!
Espécime comum, comum até demais!
Não pretendo colocar-me como analista ou crítico da violência. Apenas com a intenção de passar o tempo e, quem sabe, uma leve contribuição para algum futuro dicionário de Segunda categoria, resolvi catalogar algumas variedades da violência.
Existe um tipo de violência que acontece quase todos os dias, e que não aparece muito na mídia. Por exemplo, brigas domésticas com trocas de agressões mútuas, entre marido e esposa, pais e filhos, irmãos contra irmãos, pessoas contra pessoas, etc.
Existe a violência contra o patrimônio alheio que é aquela quando rouba alguma coisa que não seja minha, como um aparelho de som, um carro, uma moto, dinheiro, além de quebrarem a porta da sua casa, sua janela, que lhe custaram caro também, com certeza. Porque o que vale não é tratar-se de uma porta com vidros, ou jatos de areia, ou uma porta simples “sasazaki”, mas o que ela lhe custou de trabalho para adquiri-la.
A violência contra o patrimônio público. Esta espécie tem caráter nobre, pois, normalmente, é praticada por cidadãos “de peso” ou de “colarinho branco”. A gente só fica sabendo quando tudo já foi consumado e nem somos convidados para comer da pizza.
Existe a violência contra a vida alheia que é aquela em que o morto não é ninguém da sua família, mas apenas alguém que você ouve contar que mataram a tiros, machadadas, facadas, envenenado, etc., lá longe, distante do seu roteiro.
Outra violência muito comum é contra a vida na natureza. Matam-se animais, rios, plantas, lagos, montanhas, florestas, grandes áreas de terra, até algumas partes do mar já começam ser assassinadas, pouco a pouco.
O próximo tipo é a violência mais próxima, mas que ainda não chegou a você. É aquela violência que atinge seu vizinho quando este é vítima de um roubo ou um desrespeito contra seus direitos de cidadão ou quando alguém bem do seu lado é vítima da miséria.
A violência da droga. Este tipo é corriqueiro, passa até despercebido de tão comum se tornou hoje em dia. É tão imperceptível e age com tanta sutileza que muitas pessoas morrem todos os dias por causa dele e nem fazem falta, ou melhor, não repercutem na mídia. Alguns morrem por causa dele, depois dizem que não foi, mas que foi, foi.
Outra violência interessante muito praticada ultimamente e que ganha adeptos cada dia que passa, pois encontra terreno muito fértil, é a violência contra o pensamento e contra a inteligência. Ela é muito praticada pela televisão, pêlos políticos, e pêlos jornais. Aqui vale lembrar um velho conselho da vovó: “Meu filho, não acredite em tudo que vê”, e nem em tudo que lê, percebe?
A violência contra o estômago. É uma violência anônima, mas aos poucos vai tomando conta do seu organismo através da contaminação dos alimentos e pode levá-lo a doenças incuráveis como o câncer, por exemplo.
O tipo mais explorado de violência que resolvi chamar de “violência institucionalizada” que abrange toda a sociedade através da morte de líderes políticos, lideres religiosos, líderes comunitários, ou cidadãos imbuídos de altas responsabilidades, ataques terroristas, assassinatos em massa, miséria e fome massificadas, etc. Neste momento permita-me lembrar outro conselho da vovó. “O que os olhos não vêem o coração não sente”, percebe?
Pensando bem, acho que andei assistindo muito televisão nestes dias de férias. A violência não é tão grave assim, afinal continuamos vivendo a nossa vidinha boa que Deus nos deu, né gente, mas até quando?