". . . Dor de amor
A música toca alto, tão alto que não sou capaz de ouvir meus pensamentos direito. A batida soa intensa, confundindo-se com as batidas do meu coração. Carla Bruni canta que o amor não é pra mim, e eu sinceramente acredito na voz bonita dela. Mas não! Meu espírito contraditório de criança logo grita que sim, o amor é para todos. E eu grito de volta dizendo que se o que eu sou é uma imensa placa de aço, o amor vem, bate e volta. Quantas mil vezes daremos chances e mais chances, e veremos todas essas oportunidades refrearem-se diante de mal-entendidos, palavras erradas, momentos errados e boas intenções? Como voz que clama no deserto, sem jamais ser ouvida; como flor que seca até morrer de tanta sede, assim está a minha alma, embriagada pelos fantasmas que insistem em me roubar tudo que imagino possuir. O que pensei é que minha alma doente poderia ser cura para a sua alma doente, e a sua alma doente poderia mostrar para a minha que a vida é bonita sim senhor. Mas já não sei se meus pensamentos, a batida, a placa de aço e a nossa alma vão cooperar para que o amor não apenas exista, mas sobreviva.