Gay? Jesus de Nazaré?

                 É, de longe, o personagem mais 
                  estudado e citado na crônica dos
                  homens...
                         
                                      Carlos Heitor Cony


          Que história é essa? 
          Claro que não tenho, não teria e não terei a ousadia e a petulância de entrar, de cara, nesta discussão. 
          Primeiro porque não sou teólogo. E como disse Carlos Heitor Cony, Jesus é "antes de mais nada, um ser teologicamente composto de duas naturezas, a divina (para os seus crentes) e humana, para o resto".
          Segundo porque, como leigo ou laico, não me sinto com autoridade suficiente para enfrentar assunto tão melindroso e polêmico. Fico, pois, na minha; fiel à minha crença.
          O que se observa, entretanto, é que, ultimamente, cresce, em alguns momentos de maneira leviana, o debate em torno de qual teria sido a opção sexual de Jesus.
         E sobre se Jesus era ou não gay, a esse respeito, muita bobagem vem ganhando espaço em revistas e jornais de reconhecido prestígio e considerável circulação.  
          A propósito, em recente artigo, o escritor e cronista Cony escreveu: "De tempos em tempos, quando ninguém tem mais nada a dizer e os jornais a publicar, desencavam a figura mais polêmica da história da humanidade: nada menos que Jesus Cristo."
          Pois é. Vira e mexe, e engraçadinhos, dizendo-se entendidos em Jesus, aparecem escrevendo ou falando sobre a opção sexual do Rabino. 
          Emitem opiniões pessoais, mas não oferecem  provas robustas capazes de emprestar às suas teses ou suposições credibilidade indiscutível.
          Serão eles levianos? Muita gente acha que eles são levianos e nada mais do que levianos.
Eu também os acho.
          E o debate em torno de Jesus se amplia.
          Para uns, o Mestre foi casado (ou amancebado) com Maria Madalena, resultando desse relacionamento amoroso vários filhos.
          Para outros, sua declarada afeição por João, o Apóstolo, trazida até os nossos dias pelos Livros Sagrados, seria o bastante para identificá-lo como um homossexual. 
          Como se o Mestre - não o divino mas o humano - estivesse terminantemente proibido de ter um amigo mais próximo, escolhido entre os discípulos que O acompanhavam, nas suas andanças terrenas.
          Há também os que contestam a sua existência alegando, entre outras coisas, que o Mestre não deixara uma só prova concreta da sua passagem pela Terra.
          Ressaltando, em seguida, que tudo o que está aí sobre Ele deve-se aos seus biógrafos; os evangelistas Lucas, Mateus, Marcos e João, por exemplo, cujos livros começaram a ser escritos setenta anos após sua morte e ressurreição.
          Mas até onde sei, nenhum desses biógrafos, inclusive os laicos, chamou Jesus de gay.
          E se bem examinado, deixam evidenciado o amor que o Mestre, em vários momentos, mostrou pelas mulheres que cruzaram o seu caminho, nas estradas e cidades da Palestina.
          O certo é que, claramente se nota que há por parte dos nossos queridos gays, assumidos ou não, um incontido interesse em descrever Jesus como um gay histórico.
          Não se satisfazem em citar, como homossexuais declarados ou enrustidos, artistas famosos, músicos talentosos, pintores, reis e imperadores, e até papas, baseados em relatos de historiadores acreditados.
          Compreendo a ansiedade desses nossos excepcionais amigos: confirmar Jesus como gay será dar à classe um indiscutível prestígio. Livrá-la, quem sabe, do deboche que, vez por outra, a atinge injustamente.
          Não vejo, pois, como hostilizá-los quando eles saem pelo mundo afora defendendo essa tese. Ainda que lançando mão de argumentos, de repente, insustentáveis.
          O mesmo, entretanto, não ocorre como diz Heitor Cony, no seu formidavel artigo, aqui citado - uma magistral defesa do Mestre -, com "os palpiteiros de diversos quilates ou sem nenhum quilate, que, 21 séculos depois, descobrem a vida íntima desse personagem..."
          O personagem é Jesus de Nazaré.
         
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 27/02/2010
Reeditado em 10/01/2020
Código do texto: T2110305
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