Um mergulho no verde II

Autor: Moizeis Lima da Silva

Quinta-feira, dia 25 de fevereiro de 2010.

Tentei ir ao terminal no mesmo horário em que a tinha visto ontem. Cheguei, procurei na fila que ela pegara no dia anterior, mas, para a minha tristeza, não a encontrei.

Acho que fui um pouco precipitado e, assim, assustei essa linda representante de todas as coisas belas. Nenhum e-mail recebi e temo que nunca irei recebê-lo.

Sexta-feira, dia 26 de fevereiro de 2010.

Fui, mais uma vez, no mesmo horário em que a havia visto.

Pego um ônibus: entro e olho para todos os rostos que nele estão. Não encontrei o rosto que queria encontrar.

Chego ao terminal e vou ao caixa eletrônico. Depois, sigo a rota que desemboca na minha fila de todos os dias. No meio do caminho, olhando para todos os rostos, identifico exultante o rosto que eu mais desejava: lá estava ela, com a mesma beleza intrigante e misteriosa. Dessa vez, tive a patente impressão, quase certeza, que ela olhou para mim e reconheceu-me. O seu rosto é lindo e forma um harmônico conjunto com o corpo.

Fiquei na iminência de dizer-lha um “oi”, mas a palavra não saiu. Entretanto, acho que o meu olhar falou tudo e que ela deve ter escutado o que ele falou. Dessa vez, não me atrevi a iniciar um diálogo com ela ou, pelo menos, cumprimentá-la. Espero transpor essa barreira que me impede de tentar falar com ela.

Assim, como eu falava, passei por ela e fui para a minha fila. Fiquei algum tempo a olhá-la. Diferentemente da última vez que a vi, o ônibus dela chegou primeiro. Ela partiu e fiquei a observar a manobra que o ônibus fazia para sair do terminal. Identifiquei-a dentro do ônibus, sentada, e fiquei, de longe, tentando captar algum raio de luz que me trouxesse a imagem dela aos olhos meus. Obtive êxito: consegui vê-la sentada com o rosto virado para minha direção. Mas não posso afirmar que ela olhava para mim.

O meu ônibus também chega e parto em direção à faculdade, pensando nela, vendo-me envolto no verde de seu olhar, mergulhado nas imagens dela que estão bem guardadas em minha mente. Há momentos em que consigo reconstruir perfeitamente a linda face dela a minha frente, flutuando como nuvem branca contrastante com o azul dono do céu.