E TAO BOM ESCREVER SOBRE NOSSA INFANCIA.

Fica facil entender, porque as cronicas como as que nossa colega de recanto, Sunny escreve com o titulo "sempre aos domingos" nos tocam tanto.

Estao carregadas de um sentimento de saudades gostosa, de um tempo tao bom.

Eu nao sou diferente, e tambem adoro ler as cronicas de nossa amiga. (so nao tenho o talento dela)

Talvez, porque vivi minha infancia numa vila do interior, e fazia parte de uma familia querida e amorosa.

Vivia cercada por uma mata linda, por rios, e caminhos de terra, que conduziam a uma unica praca do lugar.

Tudo simples, tudo maravilhoso, como so a simplicidade pode ser.

Meu avo era o homem mais gentil e bondoso que conheci.

Ele tinha um armazem, que era o unico da vila, e moravamos na casa ao lado do mesmo.

Um casarao antigo, de pe direito alto, com janeloes verdes, e curtinas brancas.

Adorava ir pra escola que ficava em frente a nossa casa.

Mas, gostava de voltar tambem, porque chegava na hora do almoco, e nossa cozinha com seu velho fogao a lenha, era pra mim o lugar mais perfeito do mundo.

Lugar de encontro da familia, nao so para as refeicoes, mas tambem para conversar.

Entrava correndo pelo portao alto de madeira pintado de verde, e alcancava rapido a porta da cozinha, que sempre aberta estava, e o cheiro que vinha de la....aaaa e inesquecivel.

Comida boa e simples, arroz e feijao bem temperado, com banha de porco (alguem conhece ? ) que minha vo Carmela, guardava em pote de louca branca, nunca sem colocar algumas folhas de louro, pra dar gosto e perfume a banha.

O louro era colhido no quintal de casa, e posto em pequenos feixes pra secar atras da porta da cozinha.

E depois de seco, era distribuido pra toda vizinhanca.

O quintal era um local a parte, os cheiros e cores, estao frescos em minhas lembrancas.

Minha vo, nao preparava uma refeicao, sem antes visitar sua horta, e como ela adorava cultiva-la.

Logo pela manha, la ia ela com sua bacia de aluminio tao areada, que ate reluzia.

A vasilha voltava cheia e perfumada pra cozinha, era um arco iris de cores, o vermelho forte da beterraba e do tomate, o laranja da cenoura, contrastando com o verde profundo do espinafre, do almeirao, e dos temperos.

Foi com ela que aprendi a conhecer, todos os temperos,

Eu adorava o cheiro delicioso e diferente de cada um.

O manjericao e o hortela, sempre foram meus cheiros preferidos.

As vezes como hoje escrevendo esse texto, fico a matutar, sera que ganhamos ou perdemos com essa mudanca tao grande em nossas vidas ??

Vai se saber.

Tudo em nome do progresso, do avanco tecnologico, dizem alguns.

Naquele tempo, nao havia maquina de lavar roupas ou pratos, aspirador de po, micro ondas, nem sequer enceradeira tinhamos, passavamos o escovao toda sexta-feira, quando enceravamos o assoalho de madeira.

O tempo rendia, mesmo sem os eletro domesticos.

Lembro-me, que minhas tias que moravam ao lado, e algumas vizinhas, toda tarde vinham ate nossa casa, pra contar os problemas do dia.

E as conversas sempre giravam, em volta do marido, dos filhos, do dinheiro que era curto, as vezes da saude.

Trocavam receita de tudo, de culinaria, trico, croche, e bordado.

Hoje penso, que promoviam entre si, o que hoje se paga caro pra ter.

Faziam uma verdadeira terapia em grupo, sem nem desconfiar disso.

Quando acabavam, e voltavam para seus afazeres, ja estavam cantarolando de novo, sorrindo, e dispostas a continuar na rotina.

Me parece que, sem intencao, complicamos muito o viver.

E so observarmos como os textos, que reproduzem, lembrancas da infancia, com cores, cheiros e sabores.

Nos tocam tanto, e sao tao lidos.

Eu nao tenho duvida, que o grande apelo, sao as saudades, de um tempo muito bom em nossas vidas.

Que deixou em nossa alma um gosto de quero mais.

Coisas simples como:

Passar manteiga na bolacha maria, grudar uma na outra, e tomar com cafe, coado no coador de pano.

Beber tubaina no domingo, so no domingo podia.

Comer, maria mole e pacoquinha que chegavam fresquinha no armazem do vo.

Pular amarelinha em frente de casa, riscando com um galho de arvore, o chao de terra, pra fazer o tracado da divertida brincadeira.

Brincar na chuva, por aquelas ruas que viravam um barro so, e voltar toda suja , e pronta pra levar uns belos tapas no traseiro, porque naquele tempo, ainda nao haviam inventado, que isso produzia traumas.

E eu levei muitos, e os mereci todos.

A noite sentar em frente de casa, junto com minha familia e vizinhanca.

E nos criancas, nao sabiamos se brincavamos ou se ouviamos os adultos contar os famosos casos de assombracao.

Eram sempre os mesmos, mas produziam efeito em nos, iamos dormir morrendo de medo.

Olhando para traz, sem duvida, o que ficou foi uma vontade de que nao acabasse.

Por isso gostamos tanto de ler nossos amigos do RL, que nos contam de suas vivencias.

Mas o tempo passa.

Minha filha, costuma dizer algo que acho engracado, mas que cabe bem aqui.

" A fila anda mae, .... a fila anda...."

Pois e, ela tem toda razao, anda mesmo.

E deixa em nos essa saudades gostosa, mas ...que tem gosto de quero mais.

Lenapena
Enviado por Lenapena em 26/02/2010
Código do texto: T2109027