Monólogos da Barriga
Desconheço a pior sensação do mundo. É uma discussão a longo prazo, mas tenho certeza qual é a mais traumatizante: dor de barriga. É uma onda de calafrios que invade o corpo e nos faz passar em certos momentos por alguns vexames escandalosos.
Cerimônia de casamento. No centro das atenções o noivo à espera de sua futura esposa. Padrinhos aguardam com suas roupas alinhadas. De repente, os convidados levantam-se. A marcha nupcial começa a tocar, abrem-se as portas da Igreja. Ela vem, a princípio serena... o coração acelera, as pernas tremem e dá até vontade de chorar. Isso, meus amigos, é dor de barriga. Evidente que o banheiro seria a solução mais eficaz, porém, não quando se é o noivo. EU!
Caminhando lentamente de vestido branco e sorriso no rosto, minha noiva vem em direção ao altar. Cada passo seu é uma tortura pra mim. Não está sendo fácil, sinto arrepios, o suor escorre pelo meu rosto, ouço o padre falar-me ao pé do ouvido: "- Você é um homem de sorte!". Porém, não creio que a sorte tenha sido convidada. Ajoelho-me ao lado da minha amada, é como se fosse um pedido de clemência para acelerar o término da cerimônia, mas não vejo resultado. As cólicas vêm e vão, dar-me-ei por vencido, não adianta prorrogar o inevitável.
"- Você aceita esta mulher como sua legítima esposa?" - o padre pergunta. Eu respondo, quase sem fôlego, um sofrido SIM! O SIM da liberdade plena, não só o do matrimônio, como também, o do alívio.
Bem, foi melhor que eu esperava. Meus pais apoiaram-me, minha esposa foi muito compreensiva e até o padre trouxe-me um copo d'água. Quanto à cueca? Perda total! Que bom que não sou materialista... A única coisa boa disso? Pelo menos não aconteceu na nossa lua-de-mel, quando pulei de "Bungie-Jump".