A MORTE DO REPORTER

A morte do repórter

Sobral amanhece de luto, não obstante o sol ter iluminado cedo como nas primeiras manhãs de primavera o vento soprou suave sobre a copa das arvores e uma melodia suave assomou o beco do cotovelo como se a própria natureza resolvesse prestar uma homenagem póstuma ao nosso colunista de O Diário dos Assaltantes. Polemico, corajoso, arrojado, poético e solidário assim era o nosso jornalista Lincoln Cavalcante, um homem simples de rara inteligência e que conhecia como ninguém a sua profissão especializando-se assim na arte de escrever sobre temas policiais e suas confluências. Infelizmente não o conheci pessoalmente mais era leitor da sua coluna e me deleitava sempre que o lia, afinal eu tenho sempre empreendido planos de ir a Sobral mais sempre alguma coisa acontece e acabo adiando a minha ida à terra de minhas raízes familiares, de homens voluntariosos e inteligentes sem falar é claro das mulheres mais bonitas do Estado do Ceará.

Dificilmente a lacuna deixada por Lincoln será preenchida e sempre que alguém comprar a Folha nos domingos, certamente vai a procura de O Diário dos Assaltantes e nada encontrará a não ser a saudade daquele que marcou pela vontade e pela competência de escrever sobre o que mais gostava, dos dramas que envolvem ou que se deixa envolver a sociedade, o que é hilário e ao mesmo tempo temeroso. A situação social mais emocionante e as desgraças que levam o homem a enveredar pelo mundo do crime e o poder repressivo da policia que quando agrada a uns desagrada a outros e assim é a vida aqui e lá, o que pulsa fora das contemplações, a arte, a cena e a tragédia nos fazem lembrar Balzac até mesmo porque ninguém jamais entendeu da Comédia Humana como ele e Linclon nos fez lembrar tantas vezes da mesma comédia que nos encanta e nos entristece porque ela envolve seres humanos que sempre poderiam ser diferentes, melhores e que as vezes se acabam sem nada deixar a não ser um rastro de pura tristeza que mais nos abala que emociona. Mais o que dizer da hora de ir se ainda não fomos chamados e alegres, contritos, afoitos ou mesmo temerosos aguardamos a derradeira hora para nos juntar aos nossos mais queridos parceiros? Nada nos falta senão aguardar e nesse momento de dor, da hora que nos vemos no mesmo cenário sem ser o ator da cena é que olhamos para o céu azul de nossa Sobral e pedimos ao Senhor que acolha em bom lugar o nosso Lincoln, Amém