BOBO, EU?

Quem nunca contou uma piada, que levante a mão. Ah, como imaginei: ninguém levantou. É incrível, mas todo mundo conhece alguma piada, apesar de nem todo mundo ter talento para contá-las. Eu próprio não tenho o menor talento para contar piadas prontas. Mas, reconheço que tenho um senso de humor afiado. Não sei contar piada, mas posso fazer piada de qualquer situação. Seja escrevendo ou descrevendo. Seja o humor mais sutil, divertido, irônico ou negro. Não vejo problema algum em contar piadas ou ter senso de humor. Aliás, pelo contrário: adoro pessoas que tem senso de humor. (E acho um saco pessoas que não sabem rir de si mesmas...)

E ter senso de humor muitas vezes implica de você dizer algumas bobagens. Há diversas categorias de bobagens: as descartáveis, as nada a ver, as inúteis, as construtivas, as criativas e as engraçadas. Bem, não necessariamente nessa ordem e nem nesses quesitos (mas concorde comigo para não perder o amigo....)

Devo dizer que falo muita bobagem. Se eu tivesse que me descrever entre "inteligente" e "bobo", certamente me descreveria como bobo, pois "bobo", significaria feliz. Talvez desses bobos que dão risada sozinhos ou que não tem um motivo específico para serem felizes. Entre um inteligente bobo e um inteligente sisudo, eu iria preferir ser o primeiro.

Pois bem, uma moça aí de Santiago, filha de família tradicional, namorava com um grande amigo meu. E se disse "decepcionada", após me conhecer. Julgava ela que eu fosse uma pessoa "séria". No entanto, eu era um "bobo". Um bobo que ria por qualquer coisa e achava que todo mundo era legal. (inclusive ela...)

Cheio de dedos, o meu amigo me contou o que ela tinha pensado sobre mim. E é claro que eu achei engraçado e ri...

Afinal de contas, acho que não é nem um pouco inteligente uma pessoa posar de inteligente para tentar impressionar aos outros e satisfazer a imagem que elas projetaram baseado numa percepção limitada a partir de um texto, um discurso ou uma forma de vestir.

Pelo contrário, penso que pessoas que alimentam expectativas com relação ao outro e se sentem decepcionadas quando essas não condizem com as suas predileções é que são pouco inteligentes.

Ou bobas. Porque soam ridículas em querer que as pessoas lhes agradem baseado num julgamento tão...restrito. E, em verdade, esse tipo de consideração é bem coisa de burguês, mesmo. (Aliás, me dá o nome de teu psicólogo, que é para eu nunca ir lá...)

Ou querem dar uma de inteligentes e acham que sorrir ou contar uma piada ou mesmo rir de alguma situação seja algo descabido e as desqualifique. Sendo assim, prefiro ser um bobo autêntico do que um inteligente metido à besta.

Márcio Brasil
Enviado por Márcio Brasil em 25/02/2010
Código do texto: T2106981
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.