Trabalhos escolares - a "evolução" da trapaça

Sei que alguns querem me trucidar quando digo isso, mas é a verdade: estou me sentindo velha!

Estava conversando com uma amiga e me lembrei da época em que entregávamos trabalhos manuscritos em folha almaço. Será que alguém ainda faz isso?

Percebo que vivi bem a época de transição: do copiar a punho uma enciclopédia ao prático copiar-colar uma página da internet. Desde sempre houve trapaças e trapaceiros; apenas adquiriram novas ferramentas.

Não que eu concorde com trapaças, mas já fiz das minhas. E naquela época da vida, a gente nem se importava com o que era importante ou não.

Até a terceira, quarta-série (ainda era "série"!), eram poucos os que conheciam o tal computador. E os que o tinham em casa só usavam para brincar de jogos no DOS (windows nem tinha graça). Para estudar, tínhamos os livros; para fazer os trabalhos escolares, como não dava pra copiar do livro escolar "porque a professora ia perceber", a gente recorria a enciclopédias diversas e montava o "frankstein", copiando trechos intercalados de cada uma. Ficava um verdadeiro monstrinho, o orgulho do "criador".

E para ilustrar o trabalho? Só mesmo recortando de revistas e grudando com "cola-bastão". Ou quando não tinha outra opção, sem poder estragar as enciclopédias, recorria-se ao método "coloca um papel por cima da figura e copia!" Éramos verdadeiros artesãos!

O trabalho era "encadernado" em papel-cartão grampeado. E... Pronto! Menos de um dia e estava tudo feito!

Até descobrirmos o tal computador com impressora.

Mesmo no começo, logo que todos começaram a fazer o trabalho no dito-cujo, digitando em vez de escrever, não mudou muito. Tinha a vantagem de, caso encontrasse algum erro, poder corrigir e reimprimir imediatamente. O que não era possível nos manuscritos: se encontrasse um erro, era sentar e chorar... e encher o trabalho de rabiscos e papéis colados, o que não dava um aspecto final bom.

A grande revolução dos preguiçosos só veio com a popularização da internet. O saudoso "Cadê" (ainda existe?), salvador dos procrastinadores desesperados na véspera da entrega do trabalho! Nem precisavam mais passar a madrugada transcrevendo trechos de livro, bastava um ctrl+c, ctrl+v e voilà! Perdendo apenas longos minutos de sono devido à velocidade da net discada, que impunha uma limitação à praticidade.

Hoje em dia, nem mais essa limitação tem. Trabalhos escolares prontos na rede mundial, apenas esperando serem "googleados" e copiados descaradamente...

E eu... bom, desculpem-me os mais experientes, mas eu volto ao meu "papo de véia": 'Ahh se no meu tempo fosse assim...'