Dedo no olho

A campanha da fraternidade deste ano resolveu enfiar o dedo direto nos olhos das Igrejas. A luxuria até que enfim esta sendo publicamente condenada, lembrando as palavras do Evangelho de Mateus não é interessante servir dois senhores principalmente quando estes são Deus e o Dinheiro! ainda que o primeiro seja apenas um instrumento de conquistar o segundo. Confesso que fiquei surpreso, depois de tantas centenas de anos acordarem para esta pratica de barganha “salvação” pelo dinheiro, mas chegou a tempo de conter alguns sacos de dolares que voam para o exterior coletado de inermes fiéis. No Auto da Compadecida, o mestre Suassuna satiriza a posição da Igreja de favorecimento aos abastados que contribuem financeiramente. Mas como no conto estes contribuintes existiram ao longo da história e aumentava suas ofertas quando sentiam que a morte se aproximava, para que sem esforço algum suas almas fossem salvas no reino dos céus. Aí por volta de 1517 o rev. padre Martinho Lutero, se rebela e escreve as 95 teses contra este comércio. Assim surge o Protestantismo ou Reforma Protestante que se fundamenta nas Cinco Solas, isto com os mais nobres objetivos possíveis de fazer com que a fé não fosse usada como então faziam . Porém com o passar do tempo o comércio se ampliou significativamente , eliminando qualquer opção que não fossem as armadilhas do dízimo, e as duas correntes antagônicas que diziam ser ligadas a Deus seguiram construindo suas manobras para salvar aqueles que aceitaram o Jesus do seu lado. As riquezas foram sendo acumuladas, os impérios santos com o dinheiro da fé do povo foram se expandindo a cada dia . A cada missa os cofres milionários se enchendo em nome do Homem que morreu na cruz, segundo os próprios sem um centavo no bolso, nem um Camêlo na garagem. No culto dos Evangelicos tem carnê, tem quadro de inadimplência e ameaças maiores para forçar pagamentos. A antropóloga Diana Lima, do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio, diz que além do dízimo, os fiéis são estimulados a fazer propósitos com Deus e pagam a mais por isto. Que muitas Igrejas sobretudo a Universal estimulam o empreendedorismo dos fiéis. Não é aquele negócio de pedir uma casa a Deus e ficar esperando que caia do céu. Não. Eles querem oportunidades, e aprendem que não podem ser humilhados, nem para as mais grandiosas conquistas, porém tudo tem um preço em dinheiro vivo. Um breve retorno ao dedo nos olhos que citei no início pode se converter a uma martelada no porquinho santo, por quê pelo menos os Católicos terão que seguir a bula da CNBB e esquecerem o dinheiro nem que seja só neste ano. Se seguirem os ensinamentos de Mateus e forem servir a Deus devolvam o dinheiro aos miseráveis que de acordo um relatório da ONU mais de um bilhão de pessoas passam fome no mundo. Quanto as descendentes de Lutero que continuam comprando terras para construções de novos templos, lembrem-se que somente no Brasil mais de quarenta milhões de pessoas não tem onde morar.