TÔ NO LUCRO!

Há um ditado popular que diz que “urubu quando está sem sorte, o de baixo defeca no que está em cima e ainda abre um rombo”. O sentido é parecido com aquele outro que diz: “Para pobre miséria pouca é bobagem”.

Tenho me lembrado desses ditados desde que descobri que o IPAJM- Instituto de Previdência e Aposentadoria “Jerônimo Monteiro”- acredita piamente que eu morri, pois parou de mandar o meu pagamento como professora aposentada do Estado.

A culpa é minha, bem sei, que “comi mosca” (um mosqueiro inteiro!) ao me esquecer de comparecer ao Banestes, entre setembro e novembro de 2009, para me recadastrar provando que eu estava viva.

No fundo e no raso eu considero essa história uma sacanagem, porque se eu morrer, os três salários mínimos que eu ganho (após ter trabalhado durante 27 anos) deverão ficar para meu marido, ora bolas, e, aliás, eu nem sei o que ele vai fazer com essa fortuna!! Então, vai ver que esse negócio de suspender pagamento deve ser para saber se além de morta eu era viúva, não é mesmo? Oh, povo zeloso com o dinheiro público!

Aqui não vai nenhuma ironia quanto a esse zelo, mas bem que eu queria que ele fosse uma prática habitual nos três poderes e não apenas no Executivo capixaba.

Nada posso falar do nosso poder Legislativo, mas do Judiciário, acho que posso falar tudo que tem saído publicado em A Gazeta recentemente, sem risco de vir a ser processada.

Rapaz, nos últimos dias, esse veículo de comunicação tem exposto “com gosto de gás” o desfecho das investigações desencadeadas pela Operação Naufrágio, realizada em 09 de dezembro de 2008. Para quem não sabe, naquele dia, a Polícia Federal cumpriu 24 mandados de busca e apreensão, efetuou sete prisões temporárias e ocupou o prédio do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Um escândalo, uma VERGONHA!

Naquele dia, entre os “enquadrados” estavam, nada mais nada menos do que o Presidente (Pode uma coisa dessas?) do Tribunal de JUSTIÇA do Espírito Santo, mais dois coleguinhas seus, mais um filho dele que é juiz, mais umas duas filhas que eram suas assessoras, mas a sua nora que também é juíza, e até o seu futuro genro estava envolvido.

Na edição de quarta-feira, dia 24 de fevereiro de 2010, chamou-me a atenção a seguinte manchete: “Juíza punida continua com salário de R$ 21 mil”.

Ocorre que a meritíssima é exatamente a nora daquele Sr. que foi Presidente do Tribunal e por ter sido considerada culpada de um monte de trapalhadas será aposentada, proporcionalmente, tendo como base salarial a quantia acima exposta. Isso significa que, no final das contas, se ela perder os recursos em última instância, os seus vencimentos cairão para “míseros” R$5.000,00. O negócio é que eu não acredito nesta perda, só acredito na memória fraca do brasileiro.

Sinto que no clã dos Pimentéis o abutre de baixo também tem defecado no de cima, porém, com uma diferença: eu fiquei sem salários em função do zelo do Executivo, ela, provavelmente, não vai ficar nem um dia sem eles.

Pensando bem, o meu cocô de abutre foi pequeninho. O daquela família abriu um rombo bem no centro daquilo que qualquer pessoa de bem deveria prezar: a honra.

Então...Tô no lucro!!

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 24/02/2010
Reeditado em 22/05/2012
Código do texto: T2106136
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