AS FACES DA SEDUÇÃO

AS FACES DA SEDUÇÃO

Jorge Linhaça

Seduzir :v. tr.

1. Enganar (empregando razões tentadoras).

2. Corromper por meio de sedução.

3. Subornar; corromper.

4. Fig. Deslumbrar; fascinar.

5. Cativar; atrair.

Vivemos cercados de sedução por todos os lados, somos atraídos, qual abelhas às flores, pelas mais variadas coisas.

Se ligamos o rádio ou a televisão, logo somos imantados pela música , pelos programas e pelas propagandas que direta ou indiretamente tentam criar em nós a necessidade de possuir objetos, fama e até mesmo pessoas.

A constante repetição de padrões de comportamento duvidosos em filmes, novelas, programas humorísticos e etc, têm a capacidade de cauterizar qualquer repulsa inicial que acaso tivemos um dia.

A sedução está presente nas vestes das pessoas, nos olhares, nos perfumes, nas palavras proferidas.

Não é de se estranhar , pois, que comportamentos até pouco tempo considerados como aberrações sociais , aos poucos vão se tornando o padrão de uma sociedade consumista em todos os sentidos.

A traição e a promiscuidade são de tal maneira glamourizadas nos dias de hoje que tornaram-se quase uma regra de convivência social.

Como bem dizia o título de uma peça teatral que mais tarde virou filme: Trair e Coçar é só começar.

Somos de tal maneira seduzidos pela inversão de valores que ocorre em nossa sociedade que hoje, por exemplo, temos de nos policiar para não discutir com homossexuais sob o perigo de sermos taxados de homófobos ou coisa que o valha.

Claro que cada um pode ter a sua opção sexual, no entanto isso não pode servir como desculpa para escravizar a sociedade como um todo, condenando os que preferem manter-se afastados do convívio mais estreito com essas pessoas.

Não me entendam mal, sempre tive uma relação de respeito com amigos homossexuais. O que considero absurdo é a homossexualidade servir como desculpa para não se possa discutir com alguém como se discute com qualquer heterossexual.

Existe uma grande confusão nesse sentido, a luta por direitos iguais é aceitável sim, no entanto estabelecer direitos a mais para um grupo de pessoas, com a desculpa de estar assim os protegendo de sentimentos homofóbicos é no mínimo estabelecer a desigualdade de direitos.

As leis de nosso país são tão cheia de remendos que , ao invés de regulamentar o comportamento, criam uma teia tão intrincada de interpretações que permitem a quem tenha um bom advogado burlá-las ao seu bel prazer.

A própria lei seduz, corrompe, deslumbra, fascina...a lei foi feita para servir aos poderosos, não fosse assim e os grandes criminosos não seriam defendidos por renomados advogados.

O prestígio seduz, deturpa nossa visão da realidade como um todo.

Muitas vezes já presencie pessoas respeitadas por sua intelectualidade

dizerem coisas absurdas diante de câmeras de TV e serem ovacionadas por dizerem exatamente aquilo que o povo quer ouvir.

Por outro lado, suas citações passam a ser deificadas como verdades transformadoras.

Estou para ver um entrevistador de TV que tenha peito de colocar uma autoridade em "saia justa" fazendo-o responder exatamente o que foi perguntado, sem se contentar com as mirabolantes respostas que desviam a atenção do cerne das questões.

Se não fazem isso é para continuarem sendo "prestigiados" com novas entrevistas.

Enfim...tudo tem sua força de sedução...aquele cargo na empresa...aquela comida deliciosa, aquele doce lindo de se ver....aquela roupa de grife...

Cada qual se deixa levar por uma delas.

Isso nem sempre é ruim...depende muito de nossos valores pessoais, de nossas aspirações.

abraços fraternos

Jorge Linhaça

Arandu, 23 de fevereiro de 2010