CONVIVÊNCIA EM FAMILIA
Talvez não seja para todas as famílias. Mas, parece que os males humanos se concentram, quase todos, no mundo familiar. Pelo menos os mais difíceis. As almas, ali reunidas, concentram grandes dificuldades de relacionamento. São incompreensões, desavenças, discussões, separatismo. Situações que ferem e são extremamente complicadas de serem resolvidas. O diálogo morre, a loucura toma conta. A compreensão desaparece. Não são males físicos, isso são sentimentos mesclados de amor e ódio, barreiras intransponíveis, que ocasionam o desânimo, a frustração, que provocam depressões profundas e que nos dão vontade de sentar à beira do caminho e de morrer. Mas, ledo engano! A morte física não resolve as mazelas existentes no espírito. Só o espírito pode curar o espírito. Têm momentos que nem a prece consola. E a gente se pega pensando que não tem mais jeito. Que é o fim. Que a família, inicialmente constituída com amor, vai pelo ralo da desesperança. Não se vê saída. E lá vamos nós para consultórios médicos, nos entupimos de remédios. Outros partem para o vício, que degrada o corpo e afunda a alma no lamaçal, na podridão e nos empurra para o fundo do poço. É necessário lapidar, mas, o sentir-se perdido, esconde aos olhos as ferramentas. O diamante bruto está ali, mas faltam forças para desencravá-lo da rocha. O fulgor da pedra está soterrado sob as areias do rio. O véu encobre os olhos carnais, o esquecimento do que foi dificulta o entendimento do que é. Os pés, cansados, não encontram a trilha e a brisa mansa não abranda a chama ardente, que abrasa o coração.
Pobre coração! Pobre alma! Se tu soubesses, coração, as feridas que se abrem a cada derrocada! Se tu soubesses, alma, o comprometimento dos teus desatinos!
Não vejo solução, no momento. Vou me entregar aos elementos.Se vou, não sei para onde. Para ir, não tenho ânimo. E ficar aqui, me mata! Só me resta um caminho: anular a mente, não tentar a lógica, esquecer a razão. Vestir a solidão e, no silêncio, esperar a Luz.