A culpa é da puta que pariu?
"Num fecha o vidro que eu num sou pivete
Eu não vou virar ladrão se você me der um leite, um pão, um vídeo game e uma televisão, uma chuteira e uma camisa do mengão.
Pra eu jogar na seleção, que nem o Ronaldinho
Vou pra copa vou pra Europa..." Coitadinho!
Gabriel Pensador – Patria que me pariu
Seria leviano dizer que se algum de vocês enviasse para mim um texto com uma letra de Gabriel, o Pensador, demonstraria tanto entusiasmo com o enredo do texto, afinal, a batida é marginalizada, ele não canta em inglês e ninguém quer um louco por aí falando aquilo que não se quer ouvir. Pra quê? Música é entretenimento. Não é mesmo?
-Pela pátria que me pariu!
-Eu quero é mais, é beija na boca, porra! (Reverência a Claudia Leite.)
-Aqui é Ronaldo...Opsss... Brasil quis dizer.
Toma, dê um remedinho pra essa gente! É assim mesmo...
Faz seis anos que venho trabalhando com educação, embora não lecionando, sempre acompanhei a rotina de um formador de pessoas ( Professor ). Quando adolescente, era um bom crítico e um aluno um tanto rebelde que sempre duvidava da capacidade dos mestres, sempre encontrava suas falhas para usar contra eles mesmos, era a única forma que eu encontrava de não deixá-los acomodar, de dizer não a essa distância meio artista de novela, de pessoa intocável que a maioria do professorado exerce, me irritava e fazia perder toda a credibilidade do que ele estava me apresentando.
Os anos se passaram e ainda continuo acreditando que o mais interessante dentro de uma sala de aula, são as pessoas com suas histórias.
Tinha uma grande expectativa em relação à universidade, pensava que ali poderia encontrar mestres que realmente seriam transformadores do acordar de um dia, mas percebi que nenhum deles tinha ideologia suficiente para ensinar, é como ser um vendedor que não acredita em seu produto, e assim, sempre foi a impressão que faziam questão de deixar.
Nesses anos todos que analisei aqueles que passaram na minha vida, percebi que os mais fantásticos homens que conheci eram ideologistas demais para ter sucesso, e a história diz isso, os maiores pensadores eram homens incompreendidos, os melhores jogadores nem sempre são os maiores artistas com a bola no pé. Um dado curioso é que nessa trajetória não teve nenhum professor e também nenhum homem de sucesso, teve sim, sonhadores, pensadores, ou seja, os rotulados INTELIGENTES SEM FOCO.
Sou realista em admitir que não acreditava na palavra ideologia, meu pai logo fez com que eu a tirasse do meu vocabulário, mas nesses anos de educação descobri que se tem um lugar onde se pode modificar esse pensamento, é dentro da sala de aula, e isso é possível, acreditando que para nosso povo crescer emocionalmente precisamos modificar o formato, despadronizando na forma de ensinar e viver ou ensinar a viver.
Eu não quero que meu filho acorde de manhã vivendo podado daquilo que é necessário para o crescimento humano, para construção da sua ética e sua intelectualidade emocional, de ter medo de sofrer pela superfluidez do mundo e achar banal as catástrofes territoriais que acontecem a todo minuto, como se fosse uma lei sancionada pelo mundo que diz assim, - olha isso é a vida, não podemos fazer nada por eles.
Construindo um raciocínio lógico que não é lógico quando engessa o inocular.
As universidades não preparam os professores, os professores não preparam os alunos, os alunos se tornam pais que não preparam seus filhos e toda culpa vai pra puta que pariu?
Na na ni na não, sua oportunidade você já perdeu.
Amanhã tem outra chance, o que acha professor?