BEM-AVENTURADOS OS QUE CHORAM PORQUE SERÃO CONSOLADOS.

BEM-AVENTURADOS OS QUE CHORAM, PORQUE SERÃO CONSOLADOS.

Bem-aventurados os que choram e se mantêm serenos em sua tristeza, os que suportam resignadamente as injustiças, os que se conduzem com sabedoria e ficam em silêncio diante das adversidades, não desdizendo nem lamentando contra sua sorte, seu destino, pois tudo que passamos e nos chega transita pelo plano de Deus, e se estamos imersos em um vale de lágrimas é porque não é este o devido lugar onde se encontrará a calma e a felicidade que não se apagam, pertencentes a outro espaço. Alegrias neste mundo são vividas em poucos momentos no “aquí e agora” da passagem terrena, na transitoriedade fugaz que desejamos duradoura.

Bem-aventurados os que sofrem a dor maior das dores que se situa na perda de um ente querido, porque serão consolados, devendo se dirigir neste momento para a maior das dores ocorrida sobre a Terra, a dor de Maria. Voltando seus olhos para esse indescritível sofrimento, verá que quanto se procure dor maior não será encontrada. A dor da mãe que vê seu filho, filho de Deus, se deixar martirizar sem reagir por exclusivo amor à humanidade.

A dor de Maria, desmedida, imensurável, não se deve a ser seu filho o Filho de Deus, sem se valer Ele dessa condição para neutralizar sofrimentos, o que seria a contradição de sua missão. A dor de Maria está em assistir silenciosamente, resignadamente, esse calvário que se projetou para toda a posteridade por força de sua injustiça e crueldade.

Todos os que choram serão consolados pela imensa dor de Maria, pelo seu filho supliciado e pelo sentimento de paternidade de Deus, da mesma forma que o pai socorre e ampara um filho em aflição e a mãe o conforta. Deus, pela ressurreição, levou seu filho ao seu Reino; era a concretização do inefável consolo. É dessa consolação que nos fala Cristo. Consolar é estar presente como estava Maria, principalmente. É também acudir e dar amparo nos momentos difíceis que se apresentam de forma surpreendente. Não há como fugir de fatos que são absolutamente humanos, embora desconhecidos até que eles ocorram, como o infortúnio e a infelicidade que chocam e traumatizam, a exemplo da perda de um filho, o que Maria assistiu com extrema resignação, presenciando não só a perda em si mas a extrema crueldade do martírio a que submeteram Jesus Cristo.

Quem consola será consolado. Tudo tem um tempo certo na passagem da vida e nada fica sem sinalização no acontecer das emotividades, de nossos sentimentos, negativos ou positivos. O tempo é o senhor da razão e da desrazão, repita-se sempre.

Cristo é o grande consolador de seus filhos na promessa aos que choram, bem como seu Pai, Deus de bondade. Consolará os justos e mesmo os que têm consciência do mal que fizeram, dele se arrependendo. Perdoar, pois, é consolar também quem se arrepende. Não é consolado, portanto, somente o reto e o justo, mas também o que retorna ao caminho pelo sincero arrependimento, já que Cristo veio demonstrar que seu Pai é de todos, dos que o ouviram e seguiram e daqueles que Dele se afastaram retornando pelo arrependimento.

Consolar é entender, abrigar, receber em seu coração, mas também absolver dos desvios cometidos. É essa a grandeza de qualquer pai que não fica indiferente ao filho que chora e se arrepende. Consola-o e enxuga suas lágrimas.

A consolação é o exercício do sentimento sublime e doce que transmite emoção e se propaga revigorando o consolado.

DO LIVRO DO AUTOR "A INTELIGÊNCIA DE CRISTO".

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 23/02/2010
Código do texto: T2102765
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