MEU NOME É RULI GAN
Há uma alegria que transborda pela vida quando fazemos parte de uma torcida. A energia do grupo, o bradar coletivo, a massa em uma só cor, um só canto; avançando em bando rumo ao estádio, que sacode como se fosse um terremoto, perante ao momento do jogo; e nesse instante, abraçamos uns aos outros e gritamos: é gooollll!!!
Mas a melhor parte é quando saímos do estádio e dançamos e bebemos em celebração. A união é tamanha, que acredito, não existir no mundo, maior satisfação do que essa comemoração com os nossos amigos.
Nesse clima tão fraterno, não sei em que momento, algo mudou o que havia por dentro de mim. A alegria virou fúria, o amor à nossa camisa transformou-se em ódio pela camisa do outro.
Quando, meus amigos e eu, vímos a outra torcida se aproximando e nos xingando, incitando a briga, só lembro, que algo mais forte que a minha vontade tomou de conta, e quando me vi, eu já estava na porta do bar, com um pedaço de madeira na mão...
Fácil culpar o diabo, mas acho que na verdade, sentimos algo anscestral e muito bom, uma lembrança de algo que nunca vivemos por aqui, mas estava dentro de cada um de nós. Não posso falar sobre o que sentiram os outros, mas enquanto brigavámos, enxergavámos uma satisfação coletiva tão intensa em nossos rostos; e a medida que o sangue começou a correr pelo nariz do adversário, mas selvagem ficamos e avançamos para o golpe final.
Enquanto pisavámos o inimigo caído, olhavámos uns aos outros, e nos reconhecíamos: éramos todos irmãos de camisa, e amigos da alma.
A polícia tentou nos intimidar, mas já era tarde demais, nada no mundo conseguiria parar o nosso grupo, que àquela altura, já era mais que uma torcida, éramos guerreiros tribais lutando por nossa terra, por nossso direito em declarar guerra ao invasor, ao outro torcedor que invadira as nossas fronteiras.
Quando acordei essa manhã, com o gosto ainda da luta em meus punhos e em meus lábios, vesti minha camisa, coloquei a minha gravata, arrumei a minha pasta e fui para o meu escritório de advogacia na Avenida Paulista.
A semana do trabalho começou, mas no sábado que vem, a jornada continua...
"Eu sou da Galera Jovem,
não tenho medo de ninguém!!!
Eu sou da Galera Jovem,
Que mata um, que mata cem"