Partindo de uma resenha e chegando      aos  seis graus de separação.



Lar doce lar é um clássico suspense de Mary Higgins Clark em que dormir com o inimigo se torna herança genética.
 
A pequena Lisa Barton aos dez anos mata a mãe e tenta matar o padrasto. Apesar de inocentada, a opinião pública ficou contra ela, que passou a ser conhecida como Lizzie Borden, supostamente assassina do pai e da madrasta, a golpes de machadada. Altamente criativo, não? Lisa Barton e Lizzie Borden.
 
Lisa Barton foi dada em adoção e mudou de nome com autorização judicial. Dezoito anos depois um acaso a traz de volta a cidade e a casa onde tudo aconteceu. Acaso? É tão fácil criá-los em literatura, principalmente em literatura pop! E a cidade tranqüila é assolada por vários assassinatos que de uma forma ou outra estão ligados a nossa heroína, agora conhecida como Celia Nolan e a casa onde voltou a morar. Após várias peripécias, mocinhos e bandidos se debatendo entre si para provar aquilo que querem que seja a verdade, entre os mortos e feridos tudo acaba bem e o mocinho no final se casa com a mocinha e são felizes para sempre.

Leitura de Carnaval, embora eu confesse que gosto de literatura policial e da autora, o que mais me interessou foi a história de Lizzie Borden. E aí foi que parti para uma pesquisa na net sobre Lizzie Borden. E eu, que estava rindo das coincidências forjadas acabei me lembrando de ter vivenciado uma. Acontece que na biografia de Lizzie Borden é citado como fonte de pesquisa o livro de Evan Hunter, Lizzie. Bem, eu nunca li nada de Evan Hunter, mas sei que é um dos pseudônimos de Ed MC Bain, autor de romances policiais cujo nome verdadeiro é Salvatore A. Lombino. Além de autor de romances policiais, principalmente da série 87 Distrito Policial foi roteirista de vários filmes. Entre eles se destaca Birds de Alfred Hitchock.
 
E é aí que começa a minha história onde a tal de coincidência funcionou na vida real. Ed McBain foi um dos autores que ocupou a minha mesa de cabeceira por anos e anos de minha juventude. Li todos os livros da série Distrito Policial publicados no Brasil. Eu lia e passava para uma de minhas irmãs mais novas, a que chamo de quinta e que tem nome de rainha. Pois em um determinado momento minha irmã resolveu tentar a vida no leste dos EUA. Vendo um anúncio oferecendo um emprego de secretária ela se candidatou e qual não foi sua surpresa quando lá chegando encontrou o nosso amado escritor ED McBain. É claro que ela se emocionou a tal ponto que relatou a ele que o conhecia desde o Brasil, que tinha lido todos os seus livros e falou de mim. Bem, eu sei que ela é altamente talentosa e eficiente, mas tenho lá as minhas dúvidas se não foi por essa razão basicamente que ele a contratou. Principalmente porque ela comentou que ele era uma pessoa extremamente vaidosa. E, daí para frente, recebi livros seus autografados e inclusive o oferecimento para que sua agente literária desse uma olhada nos meus escritos. Considerei isso como uma gentileza principalmente porque sua Agente não conhecia português e então eu nunca me interessei por mandar. Quando adoeceu com câncer na faringe, teve que restringir suas atividades que eram inúmeras, inclusive como palestrante e reduziu também o trabalho de minha irmã que decidiu então procurar outro emprego. Pouco depois morreu deixando uma viúva muito rica.

Eu absolutamente estava pensando em escrever esta história. Meu propósito era escrever uma resenha e uma biografia, mas quando começo a escrever nem sempre sei o que vai sair. E não posso deixar de lembrar também aquela história que já contei aqui em outra antiga crônica – a dos seis graus de separação, teoria que garante que entre mim e qualquer pessoa no mundo só existem seis graus de separação.,
 
20 de fevereiro de 2010