Ainda Balanço de Carnaval

Sempre se diz que escrever é uma arte difícil. Mesmo que nem sempre o que se escreve é arte, será sempre uma atividade difícil.

Retorno a você, eventual leitor, algumas considerações a respeito da minha crônica anterior- Balanço de Carnaval.

Sabe-se que a leitura que se faz de um texto ou do mundo tem sempre conotação pessoal; ninguém a faz pela ótica de outros. É como, sabiamente, reza o adágio popular: “Cada cabeça é um mundo”.

Dentre as várias características da crônica, pode ser encontrada a irreverência, principalmente, quando o texto tem a pretensão de mostrar humor, hilaridade. Daí, compreende-se que a leitura que se faz pode originar as mais diversas interpretações.

A tônica social dos tempos atuais costuma querer impregnar de preconceitos tudo (ou quase tudo) que se refere a críticas. Por isso, pode acontecer que um texto que se propõe a oportunizar prazer, risos, comparações, possa escandalizar os mais puritanos, perfeccionistas ou intelectuais. E isso pode acontecer com o texto “ Balanço de Carnaval.”

Sabendo que a roda do mundo gira mas que, em cada volta, jamais encontrará as mesmas nuances, quero justificar , a quem de direito, que minha intenção no texto anterior não foi pretender que a juventude deva retornar ao tempo, para eles, paleontológico. Isso é impossível. Os tempos são outros. Os jovens curtem sua realidade, entretanto, creio que seja justo que as gerações anteriores, que ainda têm o prazer de viver, tenham oportunidade de resgatar suas tradições. O carnaval, como um ícone de cultura, pode e deve se travestir do ontem e do hoje.

O cronista sempre é audacioso e é preciso descartar medos e inibições se quer fazer crítica social, incentivar reflexões, provocar risos, reparos quaisquer, usando a palavra. Por isso, quem não tem a coragem de se expor, jamais apresentará sua arte a um público, principalmente os perfeccionistas (que respeito e por quem tenho certa admiração por buscarem a perfeição), mas enquanto esperam poder fazer uma obra de arte, perdem tempo de vida na auto-censura, tirando a oportunidade do leitor apreciar (positiva ou negativamente) sua expressão pessoal, seu estilo, seu pendor natural para usar a palavra escrita. É pena! Volto ao adágio agora com “quem sai pra chuva é pra se molhar” e quem escreve deve se lembrar disso para sobreviver às críticas, aprender através delas e evitar melindres. Gosto de ver o carnaval velho ou novo, desde que seja de qualidade.

Assim, prezado leitor eventual, minhas escusas se feri os brios de alguém, pessoa física ou jurídica, e faço um apelo: brinque bastante no próximo carnaval e repito, brinque com responsabilidade.

Nadir de Andrade
Enviado por Nadir de Andrade em 20/02/2010
Código do texto: T2097567