Tempo

que é o tempo?: “Se você não perguntar, eu sei o que é; se quiser que eu explique, eu já não sei mais”. Essa definição interessante é de Agostinho de Hipona (354-430), mais conhecido como Santo Agostinho. Em sua obra denominada: Confissões, esse filósofo coloca sua posição em relação ao tempo, com o objetivo de propor discussões e visões críticas sobre a relação do ser humano com o tempo. No senso comum, temos apenas a noção de três tempos: Passado, Presente e Futuro. Para alguns, o presente é uma ilusão, pois se o segundo que está por vir é futuro, e o segundo que já passou é passado, então qual seria o tempo presente?

Os gregos definiram o tempo de várias formas. Duas formas que acho mais interessantes de definir o tempo são: Chronos e Kairós. Chronos é o tempo seqüencial e cronológico, é a forma racional do tempo que mede as horas, dias, anos etc; Kairós é a forma qualitativa do tempo. Trata-se do tempo indeterminado, ou seja, dos nossos momentos inesquecíveis e de qualidade. Tem relação com o que sentimos quando passamos por determinada experiência de vida. É um tempo emocional e sensível que, por vezes, não sabemos explicar.

Enfim, o assunto: tempo, sempre foi e sempre será um dos assuntos prediletos da filosofia como um todo. No senso comum, o tempo é tratado de forma vulgar e apenas cronologicamente. A maioria das pessoas vive em função de um passado e/ou de um futuro se apegando as coisas e/ou desejando outras que melhorem suas vidas. Pensam muito pouco sobre a vida em si e como ela é apenas um ciclo em todo o processo de existência do ser humano. Não sabem envelhecer e aceitar que esse é o processo natural de uma vida. Buscam a eternidade dentro de um tempo que é finito ao ser. Em função desta distorção, fazem coisas absurdas e perigosas. Um volume monstruoso de negócios vive em função desta distorção na compreensão do tempo: Indústria de cosméticos, farmacêutica, de cirurgias plásticas estéticas, entre outros.

Só a indústria de cosméticos no Brasil, movimentou em 2009, mais de 2 bilhões de dólares de um negócio de alguns trilhões de dólares no mundo. Retardar o envelhecimento mantendo a “aparência” jovem é a grande mola propulsora desta indústria. Ser jovem por um determinado período de tempo já não basta. É necessário “parecer” jovem por mais tempo de nossa existência. Não aceitar a natureza do envelhecimento natural é moda e mostra que a pessoa é determinada e não acomodada. Essa é cultura dominante e que as indústrias que vivem dela fomentam.

A finitude do ser é fato. Esticados ou enrugados sempre teremos o mesmo fim. Nos aceitar como somos é o início da evolução humana.

Xiko Acis

Filósofo & Consultor

www.xikoacis.com.br

Verão/2010.