Lições
Estava lendo a crônica de lenapena “Com quem ficará o presente?” e fui agraciada com um ensinamento que certamente se tornará inesquecível para mim dada a sua sabedoria. Fiquei então pensando em algumas histórias que ouvi ao longo da vida e que se transformaram em conhecimento fazendo parte daquilo que eu chamo pensar com minha própria cabeça. É preciso esclarecer, porém que, quando digo que é preciso aprender a pensar com a própria cabeça isto signifique pensar o impensado. Isso pode acontecer é claro, mas na maioria das vezes o seu significado é aprender algo de tal forma que isso se torne um pensamento próprio mesmo que alguém já o tenha pensado antes de uma forma ou outra.
Há um ditado que diz: A união faz a força. Pode ser apenas um ditado que a gente repete mecanicamente sem pensar nele. Talvez fosse assim também para mim se durante a minha mais tenra infância eu não tivesse lido uma pequena história que se tornou então parte da minha vida:
“Era uma vez um lenhador que, pressentindo a Morte chamou os seus três filhos e colocou-os frente a um grosso feixe de lenha pedindo a eles que o tentassem quebrar. Impossível, foi o que cada um disse após a tentativa. Então o velho pai dividiu o feixe em três feixes menores e pediu a cada filho que partisse ao meio um deles. Os três feixes foram partidos na primeira tentativa. O pai então disse: Lembrem-se sempre dessa cena e aprendam a lição que lhes dei. Se quiserem se manter fortes e inquebrantáveis, continuem unidos, mas se querem ser destruídos, caminhem em separado pela vida. Quando meu pai morreu esse foi o conhecimento que apliquei em nossa vida familiar e acredito até com relativo sucesso.
Outra história, da qual nunca me esqueci, foi o da família que tendo que conviver com um velho pai em casa, incomodada com a sua presença na mesa de refeições, já que o velho com a idade perdera muita coisa, inclusive os bons modos, o fazia comer no terreiro, tendo lhe dado como prato uma funda e grossa gamela de madeira. “Um dia o menino da família, estava também no terreiro escavando uma prancha de madeira e o pai lhe perguntou:” O que está fazendo meu filho?”obtendo a seguinte resposta: preparando a sua gamela para quando estiver velhinho como o vovô e for morar na minha casa.
E assim as histórias vão sendo contadas e ao refletir sobre elas vamos ampliando o nosso conhecimento próprio e agindo de acordo porque, em minha opinião, conhecimento é isso, não algo que você decorou, mas algo que você aplica a própria vida em todos os momentos em que for necessário aplicá-lo.
E é pensando nisso que ainda vou cansar o meu leitor lembrando-me mais uma vez de Roberto Pompeu de Toledo e de sua última crônica na Revista Veja. A crônica (ou Ensaio) que se chama No encalço de Chiu-Fang Kao fala de um texto publicado por J.D. Salinger em um de seus livros que por uma feliz coincidência eu tenho, embora ainda não o tenha lido. Fui então buscar a história na fonte, mas vou transcrevê-la a minha moda com o objetivo de sintetizá-la: “O Duque Um, da China, preocupado com a velhice de seu servidor, Po Lo, especialista em cavalos, pediu-lhe que encontrasse um substituto para a tarefa de escolher cavalos. Po Lo garantiu-lhe que só uma pessoa tinha essa habilidade, a de reconhecer um cavalo excepcional: Chiu-Fang Kao. O Duque o contratou e enviou-o a procura de um bom garanhão. Tempos depois Chiu voltou e comunicou ao Duque que tinha encontrado um cavalo excepcional e ao ser perguntado como era o tal cavalo e onde estava ele explicou o lugar e disse que o animal era uma égua meio baia. O Duque mandou então outros emissários para buscar o animal cuja venda já fora apalavrada, mas quando o animal chegou era um garanhão negro como o carvão. O Duque, desapontado chamou o seu velho servidor Po Lo para reclamar da indicação do péssimo comprador de cavalos que não sabia distinguir uma égua de um cavalo, nem a cor do animal. Po Lo, em vez de ficar abatido mostrou todo o seu contentamento e afirmou que o homem que indicara então era mais valoroso ainda porque fora capaz de escolher o melhor sem levar em conta os aspectos superficiais, mas considerando apenas o essencial. “Senhor Duque – ele disse- Kao não leva em consideração os detalhes corriqueiros, o que é exterior. “O que ele é capaz de fazer é descobrir as qualidades interiores, o desempenho espiritual Ele olha as coisas que devem ser olhadas e rejeita as que não precisam ser”. Bem, em resumo o duque pagou para ver e o que viu foi um cavalo excepcional.
Lamento, porém informar que essa bela história ainda não faz parte de meu acervo de conhecimentos. Eu gostaria imensamente de ser capaz de perceber isso nos seres humanos com os quais convivo, mas sei que provavelmente uma vida não me será suficiente porque cometo erros de avaliação causados pela percepção do exterior. Mas, como sei que há algo mais no Universo do que nossa vida terrena quem sabe um dia o meu espírito não chegará lá?
Estava lendo a crônica de lenapena “Com quem ficará o presente?” e fui agraciada com um ensinamento que certamente se tornará inesquecível para mim dada a sua sabedoria. Fiquei então pensando em algumas histórias que ouvi ao longo da vida e que se transformaram em conhecimento fazendo parte daquilo que eu chamo pensar com minha própria cabeça. É preciso esclarecer, porém que, quando digo que é preciso aprender a pensar com a própria cabeça isto signifique pensar o impensado. Isso pode acontecer é claro, mas na maioria das vezes o seu significado é aprender algo de tal forma que isso se torne um pensamento próprio mesmo que alguém já o tenha pensado antes de uma forma ou outra.
Há um ditado que diz: A união faz a força. Pode ser apenas um ditado que a gente repete mecanicamente sem pensar nele. Talvez fosse assim também para mim se durante a minha mais tenra infância eu não tivesse lido uma pequena história que se tornou então parte da minha vida:
“Era uma vez um lenhador que, pressentindo a Morte chamou os seus três filhos e colocou-os frente a um grosso feixe de lenha pedindo a eles que o tentassem quebrar. Impossível, foi o que cada um disse após a tentativa. Então o velho pai dividiu o feixe em três feixes menores e pediu a cada filho que partisse ao meio um deles. Os três feixes foram partidos na primeira tentativa. O pai então disse: Lembrem-se sempre dessa cena e aprendam a lição que lhes dei. Se quiserem se manter fortes e inquebrantáveis, continuem unidos, mas se querem ser destruídos, caminhem em separado pela vida. Quando meu pai morreu esse foi o conhecimento que apliquei em nossa vida familiar e acredito até com relativo sucesso.
Outra história, da qual nunca me esqueci, foi o da família que tendo que conviver com um velho pai em casa, incomodada com a sua presença na mesa de refeições, já que o velho com a idade perdera muita coisa, inclusive os bons modos, o fazia comer no terreiro, tendo lhe dado como prato uma funda e grossa gamela de madeira. “Um dia o menino da família, estava também no terreiro escavando uma prancha de madeira e o pai lhe perguntou:” O que está fazendo meu filho?”obtendo a seguinte resposta: preparando a sua gamela para quando estiver velhinho como o vovô e for morar na minha casa.
E assim as histórias vão sendo contadas e ao refletir sobre elas vamos ampliando o nosso conhecimento próprio e agindo de acordo porque, em minha opinião, conhecimento é isso, não algo que você decorou, mas algo que você aplica a própria vida em todos os momentos em que for necessário aplicá-lo.
E é pensando nisso que ainda vou cansar o meu leitor lembrando-me mais uma vez de Roberto Pompeu de Toledo e de sua última crônica na Revista Veja. A crônica (ou Ensaio) que se chama No encalço de Chiu-Fang Kao fala de um texto publicado por J.D. Salinger em um de seus livros que por uma feliz coincidência eu tenho, embora ainda não o tenha lido. Fui então buscar a história na fonte, mas vou transcrevê-la a minha moda com o objetivo de sintetizá-la: “O Duque Um, da China, preocupado com a velhice de seu servidor, Po Lo, especialista em cavalos, pediu-lhe que encontrasse um substituto para a tarefa de escolher cavalos. Po Lo garantiu-lhe que só uma pessoa tinha essa habilidade, a de reconhecer um cavalo excepcional: Chiu-Fang Kao. O Duque o contratou e enviou-o a procura de um bom garanhão. Tempos depois Chiu voltou e comunicou ao Duque que tinha encontrado um cavalo excepcional e ao ser perguntado como era o tal cavalo e onde estava ele explicou o lugar e disse que o animal era uma égua meio baia. O Duque mandou então outros emissários para buscar o animal cuja venda já fora apalavrada, mas quando o animal chegou era um garanhão negro como o carvão. O Duque, desapontado chamou o seu velho servidor Po Lo para reclamar da indicação do péssimo comprador de cavalos que não sabia distinguir uma égua de um cavalo, nem a cor do animal. Po Lo, em vez de ficar abatido mostrou todo o seu contentamento e afirmou que o homem que indicara então era mais valoroso ainda porque fora capaz de escolher o melhor sem levar em conta os aspectos superficiais, mas considerando apenas o essencial. “Senhor Duque – ele disse- Kao não leva em consideração os detalhes corriqueiros, o que é exterior. “O que ele é capaz de fazer é descobrir as qualidades interiores, o desempenho espiritual Ele olha as coisas que devem ser olhadas e rejeita as que não precisam ser”. Bem, em resumo o duque pagou para ver e o que viu foi um cavalo excepcional.
Lamento, porém informar que essa bela história ainda não faz parte de meu acervo de conhecimentos. Eu gostaria imensamente de ser capaz de perceber isso nos seres humanos com os quais convivo, mas sei que provavelmente uma vida não me será suficiente porque cometo erros de avaliação causados pela percepção do exterior. Mas, como sei que há algo mais no Universo do que nossa vida terrena quem sabe um dia o meu espírito não chegará lá?